O Forum des Images de Paris, espaço parisiense dedicado ao cinema, vai mostrar Lisboa, de 05 de fevereiro a 12 de março, através de filmes como « Os Verdes Anos », de Paulo Rocha, a par de sessões de debate como a dedicada ao 25 de Abril.
« O Forum des Images tem uma longa tradição de retratos de cidades. Cada ano exploramos uma cidade através do cinema, com os filmes que são rodados nessa cidade, e assim contamos também a sua evolução. É uma oportunidade para conhecermos melhor o cinema português », disse à agência Lusa uma das programadoras da iniciativa, Anne Marrast.
Esta mostra sobre Lisboa vai levar às salas do Forum des Images, um espaço com cerca de 6.000 metros quadrados no centro de Paris, financiado pela autarquia, mais de 40 filmes de realizadores portugueses e de cineastas estrangeiros que se inspiraram em Lisboa e se fixaram na cidade, para rodar as suas obras.
A abertura desta mostra, que acontece já esta quarta-feira à noite, vai fazer-se com « Os Verdes Anos » (1963), de Paulo Rocha, um dos filmes fundadores do Novo Cinema português, escrito por Nuno de Bragança e protagonizado por Isabel Ruth. A exibição vai contar com a presença do diretor da Cinemateca Portuguesa, José Manuel Costa, organismo parceiro deste festival.
« Dom Roberto » (1962), de Ernesto de Sousa, com Raul Solnado e Glicínia Quartim, e « Belarmino » (1964), documentário de Fernando Lopes, são outras duas obras que definem a contemporaneidade do cinema português, a exibir em Paris.
Desde os primeiros filmes sonoros, como « A Canção de Lisboa » (1933), de José Cottinelli Telmo, a « Variações » (2019), de João Maia – que não teve distribuição comercial em França -, o Forum des Images quer contar a história de um século do cinema em português, através da Lisboa de diferentes épocas.
« É um programa que vai tocar todo o século e contar a história de Lisboa. […] Lisboa é uma cidade formidável. Próxima e longínqua ao mesmo tempo, uma capital europeia virada para um oceano. Houve tantos filmes rodados em Lisboa, que achámos interessante virar o projetor para a riqueza da cinematografia e do cinema português de hoje », indicou Marrast à Lusa.
« O Mal Amado » (1972), de Fernando Matos Silva, « Dina e Django » (1981), de Solveig Nordlund (realizadora que será homenageada na quinta-feira, em Lisboa, pela Academia Portuguesa de Cinema), « O Sangue » (1989), de Pedro Costa, « Alice » (2004), de Marco Martins, « E Agora? Lembra-me » (2014), de Joaquim Pinto e Nuno Leonel, e « Invisível Herói » (2019), de Cristèle Alves Meira, são alguns dos filmes portugueses incluídos na mostra.
A capital não vai ser contada só através dos realizadores portugueses. « Dans la ville blanche »/ »A Cidade Branca » (1982), do suíço Alain Tanner, e « Les Amants du Tage »/ »Os Amantes do Tejo » (1954), do franco-arménio Henri Verneuil, estão entre os filmes dirigidos por realizadores estrangeiros, que também fazem parte da programação.
Está igualmente programada a projeção de « Aqui, em Lisboa: Episódios da Vida da Cidade » (2015), obra coletiva que agrega quatro curtas ou médias metragens, assinadas por realizadores de diferentes continentes, como o canadiano de Denis Côté, a chilena Dominga Sotomayor, o português Gabriel Abrantes e a francesa Marie Losier.
Outro filme programado é o documentário histórico « Les Fusils et le Peuple »/ »As Armas e o Povo » (1975), rodado pelo Colectivo de Trabalhadores da Actividade Cinematográfica, durante os seis dias que foram do 25 de Abril ao 1.º de Maio de 1974, e que mobilizou cineastas como Acácio de Almeida, Alberto Seixas Santos, António da Cunha Telles, António de Macedo, António Escudeiro, António-Pedro Vasconcelos, Artur Semedo, Eduardo Geada, Elso Roque, Fernando Lopes, Fernando Matos Silva, José de Sá Caetano, José Fonseca e Costa, Luís Galvão Teles, Manuel Costa e Silva e o cineasta brasileiro Glauber Rocha, que então se encontrava em Portugal.
A mostra vai promover igualmente encontros entre o público e figuras do cinema português, como Maria de Medeiros – cujo filme « Capitães de Abril » (1999) vai ser exibido – ou o realizador de origem angolana Carlos Conceição, de quem serão mostrados « Boa Noite, Cinderela » (2014) e « Coelho Mau » (2017).
Lisboa vai ainda fazer parte do programa « Cours de Cinema » (aulas de cinema, em tradução livre), que acontece todas as sextas-feiras no espaço Forum des Images, com temáticas que vão de Fernando Pessoa e da sua obra literária, ao 25 de Abril e à abordagem da homossexualidade, no cinema português.
Alfa/Lusa