França/Escândalo: Segurança de Macron agride manifestante

O Presidente francês suspendeu Alexandre Benalla, que agrediu manifestante no 1º de Maio, mas não informou autoridades – o que pode ser um acto ilegal, dizem vários adversários de Macron.

Alexandre Benalla, segurança do Presidente francês Emmanuel Macron, foi suspenso durante duas semanas por ter agredido um manifestante no 1.º de Maio, Dia do Trabalhador, em Paris. Mas a informação só foi divulgada porque o Le Monde divulgou um vídeo do episódio – e despertou uma tempestade política.

A medida está a ser criticada por ser demasiado leve e por o Palácio do Eliseu não ter informado as autoridades na altura. A procuradoria de Paris abriu uma investigação a Benalla e Richard Ferrand, líder do grupo parlamento do República Em Marcha, o partido do Presidente, impôs silêncio absoluto aos deputados.

https://www.youtube.com/watch?v=TfCa41dMxb8&feature=youtu.be&has_verified=1

No vídeo que tem sido largamente partilhado no Facebook, e que foi divulgado pelo Le Monde mais de dois meses depois do sucedido, Benalla aparece com um capacete de polícia com viseira ao lado de outros agentes a pontapear um manifestante que está no chão. Depois de perceber que está a ser filmado, o segurança de Macron afasta-se rapidamente do local.

No Dia do Trabalhador, é comum as grandes manifestações que são organizadas em Paris para assinalar a data acabarem em confrontos entre os participantes e a polícia.

A oposição a Macron critica não só a punição leve atribuída a Benalla como o facto de o Eliseu não ter informado as autoridades. Os Republicanos (direita), a França Insubmissa de Jean-Luc Mélenchon (esquerda) e o Partido Socialista condenaram de forma unânime essa falta.

“Este vídeo é chocante. Hoje, ficamos com o sentimento de que na equipa de Macron há um que está acima da lei. É óbvio que Macron tem de falar sobre isto”, disse Laurent Wauquiez, presidente d’Os Republicanos à rádio Europe 1.

PÚBLICO -

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Alexandre Benalla, à esquerda de Macron, na campanha eleitoral de 2017 CHRISTOPHE PETIT TESSON/EPA

Mas o Presidente tem-se recusado a fazer comentários sobre o tema, para além de uma declaração a dizer que o segurança foi suspenso temporariamente logo que se conheceram os factos.

Em violação do Código Penal

O deputado da direita Eric Ciotti aproveitou o debate em curso no Parlamento sobre a revisão constitucional para frisar que o Presidente devia ter denunciado seu segurança, ao abrigo do artigo 40 do Código Penal francês, que diz que « todas as autoridades constituídas, oficial ou funcionário público que, no exercício das suas funções, tenha conhecimento de um crime ou delito deve avisar sem demoras o procurador da República ».

A Reuters diz ainda que Benalla surge em várias fotografias captadas pela agência depois do período de suspensão a que foi sujeito, o que significa que este regressou às funções normalmente depois de cumprido o castigo.

“O colaborador Alexandre Benalla teve permissão para assistir às manifestações [do 1.º de Maio] apenas como observador”, explicou Bruno Roger-Petit, porta-voz do Palácio do Eliseu. “Claramente, ele foi além disso. E foi imediatamente convocado pelo chefe de gabinete do Presidente; foi-lhe dada uma suspensão de 15 dias. Isto é uma punição por um comportamento inaceitável.”

 

Alfa/Público

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