Greves e manifestações paralisam França, Governo receia tumultos

Greves e manifestações paralisam França, Governo receia tumultos. Franceses preparam-se para viver com o país bloqueado a partir desta quinta-feira, devido a greves nos transportes e diversos outros sectores. Governo diz recear manifestações violentas

Alfa/Expresso. Por Daniel Ribeiro

Devido a greves contra um projeto governamental de revisão do sistema de pensões dos reformados franceses, as autoridades nacionais e regionais avisaram que o país vai conhecer uma “quinta-feira negra”, designadamente no sector dos transportes, onde comboios, metropolitanos e autocarros vão funcionar em geral a apenas 10% das suas capacidades habituais.

Os franceses preparam-se para alguns dias de caos porque as greves foram convocadas pelos sindicatos por tempo indeterminado.

Na zona de Paris, os habitantes tomaram medidas preventivas porque, sem transportes públicos, muitos não vão conseguir deslocar-se para os empregos e porque a circulação automóvel também foi desaconselhada.

Em Paris, as autoridades anunciaram o fecho de 11 das 16 linhas de metropolitano. Três vão funcionar em modo muito limitado (apenas nas horas de ponta) e só duas (as autónomas, sem motorista) « mais ou menos normalmente ».

O mesmo acontecerá na maioria das regiões francesas, dado que o movimento grevista foi decretado a nível nacional pelas principais centrais sindicais do país. Foram convocadas 270 manifestações em todo o país só para esta quinta-feira.

O Ministério do Interior indicou que prevê a infiltração de “extremistas” nos protestos e anunciou o reforço das forças de segurança nas principais cidades.

O movimento dos “coletes amarelos” também informou que vai apoiar as greves e convocou manifestações para o próximo sábado na capital.

A greve afeta sobretudo os transportes terrestres, mas também atinge aeroportos e outros sectores, como escolas, hospitais, função pública, docas e refinarias.

Os sindicatos protestam contra a revisão do atual sistema “participativo” das pensões de reforma em benefício de um outro “por pontos” acumulados durante o tempo de trabalho – a duração desse tempo passaria a definir o montante das pensões dos aposentados.

Em causa está igualmente a intenção do Governo de avançar para um “sistema único e universal” para acabar com os 42 regimes especiais que atualmente existem em França e que permitem atingir a idade da reforma de forma variável e com níveis diferentes de valores das pensões.

Os sindicatos dizem que o projeto do Governo vai alterar a idade legal de partida para a reforma, que é atualmente alguns meses depois dos 62 anos, e receiam que o Executivo pretenda reduzir os montantes das pensões.

O Governo responde que pretende um sistema “mais justo, mais legível e mais simples para toda a população” e sublinha que pretende que “cada euro descontado por cada trabalhador dê os mesmos direitos a todos”.

A greve foi marcada há várias semanas e as negociações entre sindicatos e Governo foram inconclusivas, resultando num impasse e num braço de ferro que se anuncia duro já a partir da noite desta quarta-feira. (Foto arquivo AFP)

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