Guterres ganha apoio com França na presidência do Conselho de Segurança

Guterres ganha apoio com França na presidência do Conselho de Segurança

 

Alfa/com Lusa

 

 

A França irá na presidência do Conselho de Segurança, em setembro, dar apoio político adicional ao secretário-geral da ONU em questões humanitárias e sobre a central nuclear ucraniana de Zaporizhia, mantendo a oposição à Rússia, segundo analistas ouvidos pela Lusa.

Para Colum Lynch, jornalista especializado em diplomacia e ex-correspondente do jornal Washington Post nas Nações Unidas (ONU), a missão francesa « pode colocar a Rússia no seu sítio » e ajudar a reforçar os esforços diplomáticos do secretário-geral, António Guterres, na frente humanitária da guerra.

Contudo, adverte que tendo a Rússia – como membro permanente – poder de veto, « não há muito que os franceses possam alcançar no Conselho de Segurança em relação à guerra na Ucrânia ».

Além disso, Lynch prevê que a França tente « fornecer apoio político adicional » à Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), que tem em marcha uma visita à central nuclear de Zaporijia, no sudeste da Ucrânia.

Esta central, a maior da Europa, foi tomada pelas forças russas cerca de duas semanas depois do início da ofensiva militar de Moscovo contra o país vizinho, em 24 de fevereiro.

Desde então, Ucrânia e Rússia têm trocado acusações sobre ataques realizados contra Zaporizhia.

Este cenário tem suscitado grandes preocupações da comunidade internacional, que tem alertado para a iminência de um potencial desastre nuclear.

O Governo francês tem-se mantido diretamente conversações com a Rússia para levar em segurança a missão da AIEA até Zaporizhia, incluindo com os contactos entre os Presidentes francês, Emmanuel Macron, e russo, Vladimir Putin.

A França assumirá na próxima quinta-feira a presidência mensal rotativa do Conselho de Segurança, órgão do qual é um dos cinco membros permanentes.

Ainda na quinta-feira, o embaixador Nicolas de Rivière, representante permanente da França junto às Nações Unidas e Presidente do Conselho de Segurança para o mês de setembro, informará à imprensa o programa de trabalho que delineou para a sua presidência.

Contudo, para Rafael Mesquita, professor assistente no Departamento de Ciência Política da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), no Brasil, a postura da França diante da guerra da Rússia na Ucrânia mudou sensivelmente nestes seis meses de conflito.

Na visão do investigador brasileiro, França foi desde « a moderação inicial de Macron – reunindo-se com Putin e desaconselhando `humilhações` contra a Rússia – até ao apoio bastante enérgico que vemos ultimamente à causa ucraniana ».

« Assim, Paris assume a presidência do Conselho de Segurança numa época em que a unidade das potências europeias e da NATO está mais forte do que no início. É de se esperar, portanto, que a França dê continuidade à oposição que os membros ocidentais vêm fazendo aos russos no Conselho », avaliou o professor em declarações à Lusa.

Desde o início da guerra, a ONU tem sido um dos palcos onde o isolamento da Rússia mais se tem notado, sendo esse isolamento levado a cabo por países ocidentais presentes no Conselho de Segurança, como Estados Unidos da América, França, Reino Unido ou Albânia.

Rafael Mesquita salientou que a França tem motivos adicionais para continuar a fazer oposição à Rússia, referindo os problemas de Paris com Moscovo em outros palcos.

« O grupo paramilitar russo Wagner, por exemplo, tem sido um estorvo contínuo para as forças francesas em África, região do mundo que sempre figura na agenda do Conselho », deu como exemplo o investigador.

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