Inflação. França aprova medidas de 20 mil milhões para ajudar famílias

Macron no parlamento recebido com honras de Estado mas sem discurso em plenário (Foto Ilustração).

Parlamento francês aprova 20 mil milhões para ajudar famílias a enfrentar inflação

A lei foi uma das principais promessas eleitorais de Macron, que foi reeleito para um segundo mandato presidencial em abril.

 

Alfa/ com Lusa (adaptação Alfa)

 

O parlamento francês aprovou ontem, quarta-feira, um pacote de medidas no valor de 20 mil milhões de euros para ajudar famílias em dificuldades a lidar com o aumento dos preços da energia e da alimentação.

A votação com 395 votos a favor e 112 contra, decorreu após um aceso debate na Assembleia Nacional (câmara baixa do parlamento de França), onde o Presidente da República, Emmanuel Macron, já não dispõe de maioria.

A lei foi uma das principais promessas eleitorais de Macron, que foi reeleito para um segundo mandato presidencial em abril. Foi também um teste essencial à capacidade do executivo para governar — e à capacidade das forças da oposição para influenciar o processo legislativo.

A aliança centrista de Macron conquistou a maioria dos assentos da Assembleia Nacional em junho, mas perdeu a sua maioria absoluta, ao passo que uma coligação de esquerda e a extrema-direita ambas obtiveram grandes vitórias, reforçando as suas posições como forças da oposição.

A inflação anual atingiu um recorde de 8,6% nos 19 países da Zona Euro, devido a um enorme aumento dos preços dos produtos alimentares e da energia, em parte causados pela guerra na Ucrânia. Em França, a inflação anual estima-se neste momento em 6,5%.

« O vosso poder de compra é a nossa prioridade », escreveu o porta-voz do Governo francês, Olivier Veran, na rede social Twitter.

« Para vos proteger da inflação, mantivemos o preço dos combustíveis e da eletricidade tabelado e estabelecemos um limite de 3,5% para o aumento das rendas », acrescentou.

A lei inclui também um aumento de 4% das pensões e de algumas prestações sociais. Nos combustíveis, um desconto financiado pelo Estado que é atualmente de 18 cêntimos por litro aumentará para 30 cêntimos em setembro e outubro.

As empresas privadas estão igualmente a ser encorajadas a dar aos empregados um bónus anual livre de impostos de até 6.000 euros.

O diploma foi apoiado por membros da aliança centrista de Macron, pelo partido conservador Os Republicanos e pela União Nacional, de extrema-direita. Foi debatido no parlamento francês juntamente com uma versão atualizada da lei orçamental, que será votada ainda esta semana.

A coligação de esquerda Nupes — a maior força da oposição, composta pela esquerda radical, pelos comunistas, os socialistas e os ecologistas — criticou as medidas, considerando-as insuficientes e pronunciou-se hoje quase na totalidade contra a lei.

Discussões acaloradas na Assembleia Nacional levaram ao prolongamento do debate durante serões e fins-de-semana, com os deputados da aliança de Macron a precisarem por vezes de correr para a Assembleia Nacional para impedirem que propostas de alteração da oposição fossem aprovadas.

« Estamos a viver uma das mais graves crises energéticas de sempre, que representa cerca de 60% da atual inflação », disse a ministra da Transição Energética francesa, Agnès Pannier-Runacher.

Segundo a ministra, esta lei prevê medidas para impulsionar a produção e a distribuição de energia, incluindo a possível requisição de centrais de produção de eletricidade alimentadas a gás, se o abastecimento de gás natural estiver ameaçado.

Outra medida prevê a instalação de um terminal flutuante no porto ocidental de Le Havre para permitir importar mais gás natural liquefeito, que é transportado em navios de países como os Estados Unidos e o Qatar.

As últimas semanas de debates na Assembleia Nacional contrastaram com as ocorridas em anos anteriores, quando Macron tinha maioria absoluta, o que lhe permitia a aprovação quase automática de medidas.

A sessão parlamentar termina esta semana para as duas câmaras do parlamento, Assembleia Nacional e Senado, e será retomada novamente em outubro.

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