José Cesário: da situação « caótica » nos consulados ao ensino. As prioridades do Secretário de Estado das Comunidades. Exclusivo

Alfa/ Daniel Ribeiro

 

“A situação (nos consulados) é caótica, sendo extremamente difícil o simples agendamento do atendimento nos postos”, diz José Cesário em declarações exclusivas à Rádio Alfa. Nestas suas primeiras declarações depois de há três dias ter tomado posse – pela sexta vez como Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, revela -, José Cesário define as primeiras prioridades para a sua ação no Governo. A atenção à situação nos consulados será uma das principais, bem como ao ensino da língua portuguesa (defende por exemplo o fim da propina), no quadro do que diz ser « a proximidade e a disponibilidade (que) serão palavras de ordem sempre bem presentes ».

José Cesário, quadro histórico do PSD, natural de Viseu e com 65 anos de idade, foi professor e eleito diversas vezes deputado, tem uma longa carreira política e é reconhecidamente um profundo conhecedor da realidade das Comunidades e dos meandros da Secretaria de Estado que agora volta a dirigir.

 

Alfa- Segundo as notícias publicadas sobre si, é a quarta vez que tomou posse como Secretário de Estado das Comunidades. Agora, assume a pasta de novo, com que estado de espírito?

José Cesário – Verdadeiramente, é a sexta vez que tomei posse como Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas. Sinceramente, estou extremamente animado e entusiasmado pois sinto que há muito para fazer para superar a enorme falta de atenção que tem sido dada às nossas Comunidades, sobretudo de 2019 a esta parte.

Alfa- Já definiu as principais prioridades para os primeiros meses?

José Cesário – Há muito que equacionei o plano para estes próximos tempos…
Em primeiro lugar, há que estar muito mais presente junto dos portugueses que estão no estrangeiro. A proximidade e a disponibilidade serão palavras de ordem sempre bem presentes.
Em segundo lugar, é necessário olhar com muita atenção para o que se passa nos nossos consulados. A situação é caótica, sendo extremamente difícil o simples agendamento do atendimento nos postos, o que causa enormes embaraços aos nossos utentes.
Depois é também fundamental criar um novo espírito na relação com as nossas numerosas associações e, muito particularmente,  com os lusodescendentes.
Espero igualmente ser capaz de dar uma nova dinâmica à relação com o Conselho das Comunidades, que será um parceiro essencial para as mudanças a efetuar.
Espero também conseguir dar uma nova dinâmica às políticas de ensino da nossa Língua, procurando olhar para as novas comunidades ao mesmo tempo que tentaremos consolidar e melhorar a oferta para as Comunidades mais antigas.
Finalmente, tentaremos igualmente introduzir melhorias na legislação eleitoral, em diálogo com a Assembleia da República, e nas políticas de incentivo à participação cívica.

Alfa – Que papel pode ter no que respeita ao ensino da língua, que por exemplo em França enfrenta grandes problemas?

José Cesário – A Língua Portuguesa é um elemento central da nossa identidade, enquanto portugueses.  Por isso, merecerá toda a nossa atenção.
Por um lado, procuraremos dinamizar o conjunto de Escolas Portuguesas que temos nos países lusófonos,  que são estratégicas para o futuro do Português.
Por outro lado, olharemos para o chamado Ensino Português no Estrangeiro com um novo espírito,  reforçando o chamado ensino paralelo ao mesmo tempo que apostaremos na integração do ensino do Português nos sistemas educativos locais.
Não escondo que é também minha intenção acabar com a propina durante a vigência da presente Legislatura, sem pôr em causa a aposta na avaliação e na certificação das aprendizagens e no incentivo à leitura.
Em suma, temos muito trabalho pela frente. Só espero não desiludir os milhões de portugueses que vivem no estrangeiro.

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