
O dia 9 de novembro tornou-se um pesadelo para a família Ferreira. Rafael Filipe da Cruz Ferreira, um jovem de apenas 15 anos, perdeu a vida de forma brutal ao ser atropelado por um carro enquanto esperava com o irmão na berma da estrada. O condutor do veículo, segundo a família, seria Dominique Blois, presidente da câmara de Berchères-Saint-Germain.
Naquela tarde de novembro em Voves (Eure-et-Loir, Centre-Val de Loire), por volta das 14h30, Paulo Ferreira, pai de Rafael, havia terminado o seu trabalho matinal e regressava a casa para passar tempo com os filhos. A pedido das crianças, ele havia combinado um jogo de futebol e, para isso, foi buscar as bicicletas para que todos pudessem deslocar-se ao campo. Rafael e um dos seus irmãos esperavam junto à estrada que passa em frente à casa da família. Em poucos segundos, tudo mudou. Paulo entrou em casa para ir buscar um casaco e, ao sair, deparou-se com uma cena de horror: o seu filho Rafael jazia no outro lado da estrada, com o crânio aberto e o corpo coberto de sangue. Vinha de ser atropelado.
Os serviços de emergência foram imediatamente acionados, mas tardaram trinta minutos a chegar. No local, duas pessoas prestaram os primeiros socorros ao jovem. Rafael foi depois transportado para o hospital de la Pitié Salpêtrière em Paris sem escolta policial, apenas acompanhado por uma equipa do SAMU e dois bombeiros. A viagem até à capital demorou uma hora e meia. Paulo Ferreira seguia atrás com a sua irmã Cristina. Rafael chegou por volta das 18h15 ao hospital, e só foi submetido a uma intervenção cirúrgica de duas horas às 19h42 (horários confirmados pela tia da criança). Rafael entrou depois em coma e permaneceu nesse estado por 16 dias até falecer, dia 25 de novembro.
Segundo Paulo Ferreira, o responsável pelo atropelamento do seu filho foi Dominique Blois. Ele viu-o. O presidente da câmara da localidade de Berchères-Saint-Germain (Eure-et-Loir, Centre-Val de Loire) terá passado apenas duas horas sob custódia policial antes de ser libertado, uma decisão que revoltou profundamente a família da vítima. « O meu filho foi assassinado e ninguém está a pagar por isso. Onde está a justiça? », questiona Paulo Ferreira, inconformado. A Rádio Alfa tentou entrar em contacto com Dominique Blois por três vezes, ligando para a Câmara de Berchères-Saint-Germain, sem obter nenhuma resposta.

A família de Rafael clama por justiça e denuncia o que considera ser um tratamento desigual perante a lei. « Se fosse um de nós a atropelar alguém, já estaríamos presos. Mas parece que quando se trata de alguém com poder, as regras são diferentes », desabafa ainda o pai à Rádio Alfa. « A minha mulher fecha-se no quarto do Rafael, deita-se na cama e chora todos os dias » confessa Paulo. « Não é justo, não é justo… Uma pessoa ter ido embora com 15 anos… é a maior dor que tenho no coração ».
« O Rafael era um rapaz gentil, sempre no cantinho dele, era a alegria da nossa casa, as suas brincadeiras fazem-me hoje falta » acrescenta. Rafael foi sepultado no dia 5 de dezembro, teria tido 16 anos no dia 20 de janeiro de 2025.

A família pede que a verdade seja esclarecida. O caso de Rafael Filipe da Cruz Ferreira não será esquecido, e a luta por justiça continua. A família confirmou à Rádio Alfa que vai, em breve, organizar uma « marcha branca » em memória de Rafael Filipe da Cruz Ferreira, em Paris.
Rádio Alfa