Telma Monteiro reforçou hoje o estatuto de uma das melhores judocas de sempre, atingindo o ‘pico’ da Europa pela sexta vez, com o título continental nos -57 kg, desta vez a ‘lutar’ em casa.
Em 2008, uma lesão num joelho afastou a judoca da hipótese de competir em Lisboa, e 13 anos depois foi muita a vontade de Telma em conquistar o título na capital portuguesa, num percurso feito de crença e vontade.
Em quatro combates, a judoca, 10.ª do mundo, apenas teve a vida facilitada no segundo, resolvendo a questão em pouco tempo diante da belga Mina Libeer (48.ª), com dois ‘waza-ari’ e consequente ‘ippon’, pouco depois do primeiro minuto.
Antes, Telma sofreu na estreia para vencer a veterana austríaca Sabrina Filzmoser, de 40 anos e duas vezes campeã europeia, a 11 segundos do final, e já nas meias-finais a kosovar Nora Gjakova, a grande favorita em Lisboa.
Foi o primeiro de dois prolongamentos que a portuguesa teve de efetuar nestes Europeus: num combate com ambas ‘tapadas’ com dois castigos – Telma sofreu os dois primeiros – e muito cansadas, conseguiu projetar Gjakova já para lá dos 10 minutos de combate.
Na final, com a certeza que tinha feito história, a ser a única a chegar às 15 medalhas em 15 Europeus, Telma precisou de novo ‘golden score’ para resolver o assunto, desta vez com a promessa eslovena Kaja Kajzer.
Qualquer detalhe podia decidir o combate, em que Kajzer pareceu melhor no início e Telma no final, mas foi a portuguesa que saiu triunfante, com a vitória aos 39 segundos do prolongamento, que lhe deu a sexta medalha de ouro.
De braços abertos e ao som de ‘Simply The Best’ [Simplesmente a melhor] da cantora Tina Turner, Telma Monteiro abraçou a selecionadora Ana Hormigo e caiu num abraço coletivo com a seleção que, desde as bancadas, a apoiava.
“Tinha esta oportunidade de disputar o título em casa (…), foi um dia muito duro, deixei tudo”, disse a judoca, assinalando ter sentido cedo, quando acordou, que hoje ia fazer história e que sente gratidão pelas pessoas que tem à sua volta.
Ao lado de Telma neste primeiro dia dos Europeus de Lisboa, ‘caminhou’ e notabilizou-se João Crisóstomo, ao contrariar todas as probabilidades e agigantar-se em casa, onde chegou à medalha de bronze nos -66 kg.
João Crisóstomo soube aproveitar da melhor forma esse ‘fator casa’ e teve um percurso quase perfeito, ao vencer quatro combates, todos no ‘golden score’ e diante de adversários mais bem posicionados no ‘ranking’ mundial.
O judoca só perdeu na meia-final com o italiano Manuel Lombardo, terceiro do mundo e que se sagraria campeão europeu, vencendo o polaco Patrick Wawrzyczek (54.º), o azeri Nijat Shikhalizada (21.º), o espanhol Gaitero Martin (nono) e o bielorrusso Dzmitry Minkou (39.º).
O judoca da universidade Lusófona teve uma prova de grande exigência – com sucessivos prolongamentos, tempo para lá dos quatro minutos regulamentares de combate -, e soube gerir o esforço para triunfar e também ele fazer historia, com a sua primeira medalha em grandes competições.
“Hoje foi cá de dentro, foi inesquecível”, assinalou no final João Crisóstomo, batendo com a mão no peito, reconhecendo ser “muita emoção”, quando a sua expectativa nestes campeonatos era dar o seu melhor.
Com Agência Lusa.