Mais de 2.500 edifícios e 12 mil carros incendiados durante tumultos em França
Os números foram dados a conhecer pelo ministro do Interior, Gérald Darmanin, numa intervenção no Senado (câmara alta do parlamento francês), em que salientou que, embora nas últimas noites as altercações tenham diminuído muito, « é bastante difícil saber o que vai acontecer nos próximos dias »
Darmanin explicou que as forças de segurança registaram 23.178 incêndios na rua e que de todos os edifícios incendiados, 273 foram esquadras da Polícia Nacional ou Municipal e quartéis da a Gendarmerie (guarda militarizada).
O ministro referiu que a idade média dos detidos durante os tumultos é de 17-18 anos, sendo que o mais novo tem 11 anos e o mais velho 59, e que apenas 10% são estrangeiros e 60% não têm registo judicial ou policial.
Segundo os números comunicados pelo porta-voz do Governo, Olivier Véran, no final do Conselho de Ministros, até terça-feira, de todos os detidos, 990 já tinham sido apresentados a um magistrado com vista a uma eventual acusação e 480 processos foram instaurados para comparecimento imediato na justiça.
Após estes julgamentos, aos quais não podem ser submetidos menores de idade, 366 pessoas foram presas.
Na origem desta rebelião está a morte no passado dia 27 de junho de um menor de 17 anos por disparo de um tiro de um agente da polícia quando tentava furtar-se a um controlo policial ao volante de um carro para o qual não tinha carta de condução.
O ministro do Interior reiterou a ideia de que este agente, um brigadeiro de 38 anos e com várias condecorações, « não respeitou a lei de 2017 » que, num contexto marcado pela vaga de ataques ‘jihadistas’ em França, alargou a autorização do uso de armas contra quem foge de um controlo policial e pode colocar em risco a integridade dos agentes da lei ou de terceiros.
Face às críticas lançadas por uma parte da esquerda francesa, que pediu a modificação da lei sob a alegação de que levou a um uso muito maior de armas por agentes e a um recorde de 12 mortes no ano passado, o governante opôs-se.
Na sua linha de argumentação, esta lei não provocou o aumento do uso de armas pelas forças de segurança contra aqueles que fogem aos controlos, embora estes sejam cada vez mais.
« A Polícia e a Gendarmerie não disparam mais do que antes, mas aumentam os que fogem aos controlos », declarou.
Darmanin destacou que por trás dos tumultos há uma minoria que não representa a população dos bairros sensíveis: “No máximo, foram alguns milhares de pessoas”.
O agente da polícia suspeito de ter alvejado mortalmente o jovem está acusado de homicídio e em prisão preventiva.