Agustina Bessa-Luís morreu, esta segunda-feira, no Porto, confirmou à TSF Isabel Rio Novo, a biógrafa não-autorizada da escritora.
A escritora, de 96 anos, encontrava-se em sua casa, no Porto, e terá sido vítima de doença prolongada.
Agustina Bessa-Luís, cujo verdadeiro nome era Maria Agustina Ferreira Teixeira Bessa, nascera a 15 de outubro de 1922, em Amarante.
Mais precisamente, nasceu em Vila Meã, em Amarante, filha de Artur Teixeira Bessa, que era natural de Vila-Meã e partiu para o Brasil aos 12 anos de idade, e de Laura Jurado Ferreira. A sua infância e adolescência passou-a em diversos sítios, em Gaia, Póvoa de Varzim, Águas Santas, em Bagunte, Vila do Conde e em Godim, no Douro.
Publicou o primeiro romance em 1948, intitulado “Mundo Fechado”, tendo desde então produzido mais de meia centena de obras. É com o romance “Sibila” (publicado em 1953 e distinguido com o Delfim Guimarães e Prémio Eça de Queiroz”) que é reconhecida “como uma das vozes mais importantes na ficção portuguesa contemporânea”, assim se lê na biografia da autora disponível no site do Círculo Literário Agustina Bessa-Luís, criado pela família da escritora em 2012, ano em que a autora completou os 90 anos de idade.
Muitas das suas obras foram adaptadas ao cinema pelo realizador português Manoel de Oliveira, incluindo “Fanny Owen” (“Francisca”), “Vale Abraão” e “As Terras do Risco” (“O Convento”) — os diálogos da longa-metragem “Party” também foram escritos pela autora. Também o realizador João Botelho adaptou um dos seus romances, “A Corte do Norte”.
Agustina Bessa-Luís assinou, além disso, várias peças de teatro e guiões para televisão tendo o seu romance “As Fúrias” sido encenado por Filipe La Féria, em 1995. Em 2006, colaborou no programa “Ela por Ela”, realizado por Fernando Lopes. Antes disso, porém, foi diretora do diário “O Primeiro de Janeiro” (1986-1987) e do Teatro Nacional de D. Maria II, cargo que ocupou desde 1990 até 1993, tendo ainda integrado a Alta Autoridade para a Comunicação Social.
Foram vários os prémios com que foi galardoada ao longo da sua vida. Em 1980, foi distinguida com a Ordem de Sant’Iago da Espada, em 1988 foi-lhe entregue a Medalha de Honra da Cidade do Porto e em 1989 o governo francês atribuiu-lhe o grau de “Officier de l’Ordre des Arts et des Lettres”.
Também venceu duas vezes o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores (APE), a primeira em 1983, com o romance “Os Meninos de Ouro”, e a segunda em 2002, com a obra “O Princípio da Incerteza – Jóia de Família”, também adaptada ao cinema por Manoel de Oliveira com o título “O Princípio da Incerteza”.
Agustina Bessa-Luís foi ainda distinguida em 2004 com o prémio Vergílio Ferreira e, no mesmo ano, com o Prémio Camões. O júri que lhe atribuiu este prémio, formado por Eduardo Prado Coelho, Vasco Graça Moura, Heloísa Buarque da Holanda, Zuenir Ventura e Lourenço Rosário, considerou que a sua obra “traduz a criação de um universo romanesco de riqueza incomparável, contribuindo para o enriquecimento do património literário e cultural da língua comum”.
Alfa – com TSF e Expresso