Morreu aos 81 anos em Paris a atriz portuguesa Teresa Mota. Residia em França há mais de 60 anos

 

A atriz portuguesa Teresa Mota morreu no sábado, aos 81 anos, em Paris, cidade onde vivia há mais de 60 anos, informou à Rádio Alfa o seu filho Emmanuel Demarcy-Mota, encenador, diretor do Théatre de la Ville de Paris e também presidente da Temporada cruzada França-Portugal, que terá lugar este ano.

A conhecida atriz morreu de cancro e era irmã de João Mota, fundador do teatro A Comuna, em Lisboa.

Teresa Mota foi atriz do Teatro Nacional D. Maria II, foi antifascista e exilada política, e faleceu  no sábado em Paris, cidade onde vivia há mais de 60 anos mantendo sempre uma relação muito estreita com o seu país e com Lisboa.

Tinha amigos nesta rádio, designadamente o autor desta triste notícia, Daniel Ribeiro.

Foi o próprio Emmanuel Demarcy-Mota que nos anunciou a morte da mãe, nestes termos:

« Très cher Daniel
J’ai la profonde tristesse de t’annoncer que Teresa nous a quitté,
elle s’est battu jusqu’au bout, à sa manière avec dignité et courage-
Elle m’a beaucoup apporté en poésie et en amour de la vie et du théâtre
Je sais qu’elle t’aimait beaucoup elle qui était un vrai feu de poésie
Je t’embrasse fort.
Emmanuel »

Teresa Mota, que nasceu a 30 de Julho de 1940 em Tomar, destacou-se pelos seus papéis nos filmes Raça (1961), Histórias Simples da Gente Cá do Meu Bairro (1961) e Meus Amigos (1974).

Desenvolveu diversos trabalhos em Paris muito saudados pela crítica francesa.  Trabalhou designadamente com o encenador e autor Richard Demarcy, que também já faleceu e com quem foi casada.

Ainda adolescente, protagonizou um dos primeiros programas infantis da televisão portuguesa, As cartas do tio João (e da sua sobrinha Teresinha), em que, juntamente com Gustavo Fontoura, respondia às cartas dos jovens telespectadores, o que a tornou conhecida do público.

Porém, foi em 1961, sob a alçada de Amélia Rey-Colaço, que Teresa Mota, então com 20 anos, viu reconhecida a sua interpretação em Romeu e Julieta, de William Shakespeare, com a qual recebeu o prémio da crítica.

Ainda na década de 1960, já a viver em Paris e juntamente com o então seu marido, o encenador francês Richard Demarcy, fundou o “Naif Theatre”, a companhia teatral na qual, durante mais de 25 anos, foi cocriadora de todos os espetáculos.

Teresa Mota foi também professora agregada da Sorbonne Nouvelle/Paris III, na especialidade de Língua e Teatro.


TERESA MOTA, ACTRIZ.
FOTO: GUSTAVO BOM

A Rádio Alfa apresenta a Emmanuel e à enlutada família e amigos as mais sinceras condolências pelo desaparecimento desta nossa amiga e figura intelectual de grande relevo na cultura portuguesa.

Leia mais aqui sobre a família Demarcy-Mota e ouça, também, uma curta declaração de Emmanuel Demarcy-Mota à Rádio Alfa, sobre o pai, que faleceu em 2018, e a sua forte ligação a Portugal: 

Morreu Richard Demarcy. O filho, Emmanuel Demarcy-Mota, fala da sua ligação a Portugal

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