Morreu o artista plástico Christo, que embrulhou uma ponte sobre o Sena e o Reichstag. Foi amigo de artistas portugueses

Morreu o artista plástico Christo, que embrulhou uma ponte sobre o Sena e o Reichstag. Foi cofundador no início da década de 1960, em Paris, do grupo KWY, com os artistas Lourdes Castro, João Vieira, Costa Pinheiro, Gonçalo Duarte, René Bertholo, José Escada e Jan Voss.

O artista Christo com a sua mulher

ROBYN BECK/GETTY IMAGES

Uma das suas obras mais notáveis foi embrulhar o Palácio de Reichstag, em Berlim, em 1995. O edifício esteve coberto durante 14 dias, numa espetacular criação do artista que defendia que a arte nos espaços públicos pode ser apreciada por todos e não deve ser propriedade de ninguém

Alfa/Lusa e Expresso

Nasceu em Gabrovo na Bulgária com o nome Christo Vladimirov Javacheff, a 13 de junho de 1935, mas tornou-se internacionalmente conhecido apenas como Christo. Um nome singular para uma carreira não menos singular como artista plástico. Morreu este domingo em Nova Iorque, de causas naturais, aos 84 anos.

As suas enormes instalações de arte ambiental foram autênticos feitos de engenharia. Entre as mais conhecidas, todos feitas em colaboração com sua falecida esposa, Jeanne-Claude, estão os 38 quilómetros de extensão, “Running Fence”, na Califórnia, concluída em 10 de setembro de 1976: a cerca alta era feita de 200 mil metros quadrados de tecido de nylon branco pesado, que criava 2.050 painéis, e foi pendurada em cabos de aço por meio de 350.000 ganchos.

Outras obras notáveis do casal foi embrulhar em telas e cordas a Pont Neuf, a mais antiga do rio Sena, em Paris, em 1985 e também o Palácio de Reichstag, em Berlim, em 1995.

O emblemático edifício alemão esteve coberto durante 14 dias, numa espetacular criação do artista que defendia que a arte nos espaços públicos pode ser apreciada por todos e não deve ser propriedade de ninguém. Dez anos depois, foi a vez de “The Gates,” (« Os Portões ») que consistia em mais de 7 mil pórticos de vinil, colocadas no Central Parque, em Nova Iorque. Os pórticos – traves de quase cinco metros de altura e largura variando entre 1,67 e 5,48 metros – percorrem os percursos de pedestres do Central Park. A instalação esteve montada apenas durante 16 dias.

O artista afirmou que uma vez construídos, cada trabalho existe por um período específico e depois é retirado. « Todos os nossos projetos funcionam até agora e são totalmente inúteis », afirmou Christo no documentário de Andrey Paounov, « Walking on Water », citado no « Boston Times ».

EXPOSIÇÃO PARA 2021

« Christo viveu a sua vida ao máximo, não apenas sonhando com o que parecia impossível, mas realizando-o. O trabalho artístico de Christo e Jeanne-Claude reuniu pessoas em experiências partilhadas em todo o mundo e o seu trabalho continua a viver nos nossos corações e memórias », pode ler-se numa mensagem do seu escritório divulgada na sua conta oficial na rede social Facebook..

De acordo com a informação, Christo e a mulher, Jeanne-Claude, sempre manifestaram a intenção de que o seu trabalho continuasse após as respetivas mortes.

Jeanne-Claude morreu a 18 de novembro de 2009.

Por isso, adianta o texto, cumprindo um desejo do artista plástico, a obra « L’Arc de Triomphe, Wrapped », em Paris, mantém-se para as datas previstas, de 18 de setembro até 03 de outubro de 2021.

Uma exposição sobre o trabalho e o tempo que Christo e Jeanne-Claude viveram em Paris estará patente este ano, de 01 de julho a 19 de outubro, no Centre Georges Pompidou, na capital francesa.

Christo nasceu a 13 de junho de 1935, em Gabrovo, na Bulgária, de onde saiu em 1957, primeiro para Praga, na Checoslováquia, depois para Viena, na Áustria, e posteriormente para Genebra, na Suíça.

Em 1958, fixou-se em Paris, onde conheceu Jeanne-Claude Denat de Guillebon, que se tornou sua mulher e sócia nas monumentais criações artísticas.

No início da década de 1960, foi cofundador, em Paris, do grupo KWY, com os artistas Lourdes Castro, João Vieira, Costa Pinheiro, Gonçalo Duarte, René Bertholo, José Escada e Jan Voss.

Christo viveu em Nova Iorque durante 56 anos.

Entre os seus trabalhos contam-se « Wrapped Coast, Little Bay », em Sydney, na Austrália (1968-69), « Valley Curtain » no Colorado (1970-72), « Running Fence » na Califórnia (1972-76), « Surrounded Islands » em Miami (1980-83), « The Pont Neuf Wrapped » em Paris (1975-85), « The Umbrellas » no Japão e na California (1984-91), « Wrapped Reichstag » em Berlim (1972-95), « The Gates » no Central Park em Nova Iorque (1979-2005), « The Floating Piers » no Laho Iseo em Itália (2014-16) e « The London Mastaba », no lago Serpentine em Londres (2016-18).

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