Morreu o ator francês Michel Piccoli, um dos protagonistas do cinema de Manoel de Oliveira

O ator francês Michel Piccoli, protagonista, entre outros, de “Vou para casa”, de Manoel de Oliveira, morreu na semana passada, aos 94 anos, avançou hoje a Agência France Presse (AFP).

O ator, a quem a agência de notícias francesa chama “monumento do cinema francês”, morreu “em 12 de maio nos braços da mulher, Ludivine, e dos seus filhos Inord e Missia, após um derrame cerebral”, refere a família de Michel Piccoli, num comunicado citado pela AFP.

 Revelado em “O Desprezo” (1963), de Jean-Luc Godard, filme no qual forma um casal com a atriz Brigitte Bardot, Michel Piccoli participou em mais de 150 filmes.

Da vasta filmografia de Michel Piccoli fazem parte obras do realizador português Manoel de Oliveira, como “Vou para casa”, “Party” e “Belle Toujours”.

Dois deles foram produzidos por Paulo Branco (« Party » e « Vou para Casa »), à semelhança de « Genealogias de um Crime » e « Aquele Dia », de Raúl Ruiz, a que se sucederam « Linhas de Wellington » e a série televisiva « Linhas de Torres Vedras », de Valeria Sarmiento, um dos seus derradeiros trabalhos, à semelhança de « Vocês ainda Não Viram Nada », de Alain Resnais, e « O Gosto dos Mirtilos », de Thomas De Thier, onde teve o seu derradeiro desempenho, no cinema.

Piccoli é também o protagonista de « Temos Papa », de Nanni Moretti, o ator de « Bela de Dia”, « O Fantasma da Liberdade » e “O Charme Discreto da Burguesia”, de Luis Buñuel, “A Grande Farra”, de Marco Ferreri, « A Bela Impertinente », de Jacques Rivette, « Má Raça », de Leos Carax, « As Coisas da Vida », de Claude Sautet, « Topázio », de Alfred Hitchcock, trabalhou com realizadores como Claude Chabrol, Jacques Demy, Jacques Doillon, Jacques Rozier, numa carreira que se estendeu por quase 70 anos e mais de 200 filmes

Além de ator, Michel Piccoli foi também realizador, de obras como “E então” (1997), “La plage noir” (2001) e « C’est pas tout à fait la vie dont j’avais rêvé » (2005), produzidos por Paulo Branco.

Na década de 1970 foi igualmente produtor de filmes que interpretou, como “Os Barões da Medicina”, de Jacques Rouffio, “Geração Estagnada”, de Bertrand Tavernier, e “Violência Selvagem”, de Francis Girod.

Michel Piccoli nasceu em Paris, em 27 de dezembro de 1925, numa família de músicos. O pai, Henri Piccoli, era violinista e, a mãe, Marcelle Experto-Bezançon, pianista.

O jornal francês Le Monde lembra que Michel Piccoli descobriu o teatro aos nove anos, quando vivia em Compiègne, cidade a norte de Paris. Terá sido aí que se estreou num palco.

A estreia no cinema aconteceu mais tarde, em 1945, em “Sortilèges”, de Christian-Jacque.

Quatro vezes nomeado aos César, os prémios franceses de cinema, nunca foi recompensado pela Academia.

Em 2013, a Cinemateca Francesa homenageou-o com um ciclo de 60 filmes, que atravessou quase todo o cinema francês.

 

Alfa/Lusa.

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