“Honrá-los enquanto reconstruímos”: Ruanda homenageia vítimas do genocídio que ocorreu há 25 anos.
Cerca de dez mil pessoas foram assassinadas, por dia, num massacre que fez desaparecer 70% da minoria tutsi e mais de 10% da população ruandesa.
Alfa/Com Expresso
O Presidente do Ruanda, Paul Kagame, iniciou este domingo uma semana de cerimónias para assinalar as 800 mil vidas perdidas durante o genocídio que ocorreu há 25 anos. Cerca de dez mil pessoas foram assassinadas por dia num massacre que fez desaparecer 70% da minoria tutsi e mais de 10% da população ruandesa.
“Não existe forma de compreender completamente a solidão e a raiva dos sobreviventes e, ainda assim, repetidas vezes lhes pedimos para fazerem sacrifícios necessários para dar à nossa nação uma nova vida”, disse este domingo o Presidente ruandês. Kagame é acusado pela oposição de adotar “a ditadura” para controlar os media e a política, numa tentativa de proteger aquilo que considera ser “a soberania nacional”.
Junto ao memorial de Kigali, capital do país, vários artistas ruandeses cantavam músicas como ‘Turabunamira Twiyubaka’ — ou seja, “honrá-los enquanto reconstruímos”.
Durante a tarde, responsáveis do governo juntaram-se a uma marcha de duas mil pessoas desde o Parlamento até ao estádio nacional de futebol, que aí termina com uma vigília noturna. O evento vai contar com a presença do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e com uma dezena de chefes de Estado.
Foram essencialmente pessoas da minoria tutsi (e hutus moderados) que perderam a vida às mãos da maioria hutu. O massacre de três meses teve início a 6 de abril de 1994, depois do então Presidente Juvenal Habyarimana e o seu homólogo do Burundi Cyprien Ntaryamira, também hutu, terem sido mortos quando o avião onde iam foi atingido ao sobrevoar Kigali.
Os atacantes nunca foram identificados, mas o ataque motivou os militares do Governo hutu e milícias extremistas aliadas a planear o genocídio para eliminar a minoria tutsi.
Homens, mulheres e crianças foram espancados até à morte, queimados vivos ou mortos a tiro num massacre que só terminaria em julho de 1994, quando a Frente Patriótica do Ruanda ganhou o controlo do país.