Óbito/António-Pedro Vasconcelos. Realizador de cinema foi um amigo da Alfa

Foto: Academia de Cinema

Alfa

Óbito/António-Pedro Vasconcelos: Câmara de Leiria elogiou trabalho do realizador de cinema, homem da cultura, que foi um amigo da Rádio Alfa. Deu no passado diversas entrevistas à nossa Rádio e um dia chegou a ir assistir a um jogo de futebol do Créteil-Lusitanos. Foi uma figura de relevo do cinema português e gostava muito de futebol, desporto pelo qual era um apaixonado. Era um adepto fervoroso do Benfica. Esteve sempre ligado à França e à sua cultura. Trabalhou com Carlos Saboga (cineasta e argumentista) e Mário Barroso (cineasta e diretor de fotografia), ambos residentes em Paris. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou a sua morte e lembrou-o como « homem culto ». António-Pedro de Vasconcelos defendeu sempre que os filmes estrangeiros deveriam ser « dobrados » para português, designadamente nas suas versões televisivas, como acontece em França.

Leia aqui um despacho da Lusa a propósito da sua morte:

A Câmara de Leiria manifestou hoje pesar pela morte do realizador António-Pedro Vasconcelos, natural do concelho, e realçou o seu trabalho na Sétima Arte.

“O Município de Leiria lamenta profundamente o falecimento de António-Pedro Vasconcelos, aos 84 anos”, lê-se numa nota de pesar da autarquia presidida por Gonçalo Lopes.

Na nota, o município referiu que o cineasta, natural de Leiria, onde nasceu em 10 de março de 1939, “destacou-se pelo seu trabalho na Sétima Arte, como realizador, produtor, crítico e professor”, fundou o Centro Português de Cinema e é “autor de vários filmes aclamados, nomeadamente, ‘O Lugar do Morto’ e ‘Os Imortais’”.

“Em 2015, o Município de Leiria atribuiu a Medalha da Cidade de Leiria a António-Pedro Saraiva de Barros e Vasconcelos, pela sua notoriedade como cineasta, exemplo como cidadão interventivo nas áreas social, cultural, política e desportiva, sempre com o intuito de contribuir para o engrandecimento de Portugal”, adiantou.

Manifestando o seu profundo pesar, a Câmara “associa-se ao luto e à dor sentida pela família e amigos mais próximos”, acrescentou a nota.

O realizador português António-Pedro Vasconcelos morreu em Lisboa, os 84 anos, revelou a família em comunicado.

“A família de António-Pedro Vasconcelos informa que o nosso A-PV partiu esta noite, a poucos dias de completar 85 anos de uma vida maravilhosa”, pode ler-se no comunicado divulgado hoje.

A par do cinema, tendo assinado vários êxitos de bilheteira, como “A Bela e o Paparazzo” (2010), António-Pedro Vasconcelos também foi crítico de literatura e cinema, cronista e comentador televisivo, “com forte intervenção cívica”, como escreveu José Jorge Letria no livro de entrevista com o realizador, “Um cineasta condenado a ser livre” (2016).

Um dos campos de intervenção foi a Associação Peço a Palavra, que se bateu publicamente contra a privatização da TAP.

« Hoje, mais do que nunca, temos a certeza de que o nosso A-PV, que tanto lutou para que todos fôssemos mais justos, mais corretos, mais conscientes, sempre tão sérios e dignos como ele, será sempre um Imortal », escreveu a família em comunicado.

Pelo seu lado, a Academia de Cinema escreveu sobre ele:

António Pedro Vasconcelos

Realizador, produtor, crítico, e professor, António-Pedro Vasconcelos estudou Direito na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, e Filmografia na Universidade de Sorbonne, cursos que nunca terminou.
Responsável por alguns dos maiores sucessos comerciais nas salas portuguesas, é um dos nomes incontornáveis no Cinema Português.
Os seus primeiros filmes, “Perdido por Cem”(1973) (produzido pelo Centro Português de Cinema) e “Oxalá”(1980), foram fortemente influenciados pela Nouvelle Vague. Os seguintes, “O Lugar do Morto”(1984) e “Jaime”(1999), foram um grande êxito junto do público. Realizou séries documentais e de ficção para a televisão, como foi o caso da co-produção luso-francesa “Aqui d’El Rei”(1992). Em 2015, foi vencedor dos Prémios Sophia para Melhor Filme e Melhor Realizador com “Os Gatos Não Têm Vertigens”. Mais recentemente realizou “Amor Impossível” (2015) que lhe valeu o Sophia de Melhor Filme e “Parque Mayer” (2017), tendo-lhe sido atribuído o Sophia de Melhor Realizador.
A par da realização foi produtor de cinema, tendo sido um dos fundadores da V.O. Filmes, Opus Filmes e da cooperativa Centro Português de Cinema, que produziu a maior parte dos filmes do Cinema Novo Português. Foi ainda professor na Escola de Cinema do Conservatório Nacional e coordenador da licenciatura em Cinema, Televisão e Cinema Publicitário da Universidade Moderna de Lisboa.

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