OMS avisa que Europa pode enfrentar segunda vaga letal de covid-19 a partir do Outono

OMS avisa que a Europa pode enfrentar uma segunda vaga letal de covid-19 a partir do Outono

O director regional da Organização Mundial da Saúde para a Europa, Hans Kluge, avisa que o abrandamento da pandemia nos países europeus não “é o momento para celebrações, mas sim um momento para preparações”.

Alfa/Público. Por José Volta e Pinto

,Sudão

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Já foram detectados na Europa quase 1,7 milhões de casos de infecção RUI GAUDENCIO

A Organização Mundial da Saúde (OMS) avisou que os países europeus devem preparar-se para uma segunda vaga letal de infecções da pandemia. O alerta foi feito pelo director regional para a Europa, Hans Kluge, em declarações ao jornal britânico The Telegraph.

Hans Kluge recomendou que os países europeus que estão a começar a levantar as restrições de circulação e actividade económica olhem para os exemplos de Singapura e do Japão, que “entenderam desde cedo que este não é o momento para celebrações, mas sim um momento para preparações”.

Ainda que alguns países estejam a verificar um abrandamento do número de novos casos – como Portugal, por exemplo – tal não significa que a pandemia já terminou. Quando muito, é apenas uma alteração do epicentro do surto na Europa, que começou por ser na região da Lombardia, em Itália, estando agora no Este do continente, onde a Rússia tem detectado consecutivamente mais de 10 mil casos por dia.

O responsável da OMS confessou estar “muito preocupado” com uma segunda vaga da pandemia, que a chegar algures durante o Outono iria coincidir com surtos de outras doenças infecciosas.

“No Outono, podemos vir a ter uma segunda vaga de covid-19 e outra de gripe sazonal ou sarampo. Há dois anos tínhamos 500 mil crianças que ainda não tinham tido a sua primeira vacina contra o sarampo”, exemplificou.

Hans Kluge lembrou o que se verifica nas pandemias que existiram ao longo da história, como a gripe espanhola, que surgiu em Março de 1918 e voltou mais agressiva e letal na segunda vaga, durante o Outono do mesmo ano.

“Sabemos pela história que, em pandemias, os países que não foram atingidos numa fase inicial podem ser atingidos numa segunda vaga. O que vamos ver em África e na Europa de Leste? Estão atrás da curva. Alguns países dizem “não somos como a Itália” e depois, duas semanas depois, boom! Infelizmente, podem ser atingidos por uma segunda vaga, por isso temos de ser muito cuidadosos”, avisou Kluge.

O director referiu que a falta de um tratamento eficaz ou de uma vacina obriga a que quaisquer medidas de isolamento sejam acompanhadas de medidas rigorosas de saúde pública, tais como o rastreio de contactos e uma grande aposta nos testes de despistagem.

Além disso, a ausência de uma cura ou tratamento faz com que qualquer alívio nas restrições tenha de ser feito de forma “gradual”. Porém, a retoma da actividade não significa um regresso à normalidade. “As pessoas pensam que o confinamento terminou. Nada mudou. As medidas de controlo da doença têm de estar em vigor. Essa é a mensagem chave.”

Na entrevista ao jornal britânico, Hans Kluge afirmou esperar que a pandemia possa mostrar aos governos que a saúde deve estar no topo da agenda política. “Onde não há saúde, não há economia. É uma lição que não pode ser esquecida.”

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