“Passou-se, não era um terrorista”. Matou a mãe e a irmã

Islamista radical e desequilibrado. Matou a mãe e a irmã

Um ataque à facada em Trappes, uma pequena cidade complicada da região parisiense, resultou em três mortos, um deles o atacante, abatido pela polícia. Uma outra mulher ficou gravemente ferida. Daesh reivindicou « um atentado », mas autoridades privilegiam pista de um diferendo familiar.

Alfa/Expresso Diário (adaptação), por Daniel Ribeiro

O ataque à facada ocorreu na manhã desta quinta-feira na pequena cidade de Trappes, na região parisiense, conhecida por abrigar em alguns bairros, desde há vários anos, autênticos “centros de formação” de militantes radicais islâmicos.

O autor do crime desta manhã, Kamel S., de 36 anos de idade, tinha ficha S (o que significa: islâmico potencialmente perigoso), na polícia francesa, desde 2016. Estava registado por fazer “apologia direta e pública de ato terrorismo”. Antes de ser abatido, teria gritado para os agentes policiais que o cercavam, segundo diversas fontes: “Allah Akbar, mato-vos a todos!”.

Antes de ser morto pela polícia, kamel tinha assassinado a mãe e a irmã e ferido gravemente, também à facada, uma mulher que passava no passeio à sua frente.

O ataque foi recuperado rapidamente por Daesh, mas as autoridades privilegiam a tese de um “ato desequilibrado” e parecem achar que a reivindicação do Estado Islâmico é “uma operação oportunista”. “Tudo indica que se trata de alguém com um problema psiquiátrico importante”, declarou o ministro do Interior, Gérard Collomb.

Depoimentos de habitantes de Trappes, registados por repórteres junto do local do drama, apontam no mesmo sentido do “diferendo familiar”, evocado também pela polícia. “Passou-se, não era um terrorista”, declarou um dos seus vizinhos à agência AFP.

De acordo com informações divulgadas esta tarde em Paris, alguns dos seus amigos sublinharam o “desequilíbrio” do atacante. Kamel vivia separado da mulher e já não via os seus filhos desde há algum tempo, segundo informaram.

Antigo motorista de autocarro, Kamel é descrito por quem o conheceu como “alguém muito gentil, mas um pouco nervoso”. Foi, no entanto, despedido da empresa pública de autocarros por, durante o serviço, ter proferido “palavras radicais em relação com a religião”.

O ataque ocorreu esta manhã num bairro de residências modestas de Trappes, com pouca tradição de violência, ao contrário de outros da localidade, onde kamel vivia numa casita ao lado da da mãe.

Tanto esta como a irmã foram assassinadas no passeio, junto à residência de ambas. Uma transeunte que passava no local, no momento dos crimes, ficou ferida com gravidade. Kamel refugiou-se a seguir na casa da mãe, antes de sair a correr, pouco depois, a gritar “Allah Abkbar” para a polícia, que o abateu a tiro.

Ao fim da tarde, em Paris, a reivindicação do ataque pelo Daesh, efetuada apenas uma hora depois da notícia do drama, parecia, no mínimo, fantasista ou “de oportunidade”, segundo a expressão de especialistas em terrorismo.

Os serviços judiciais da secção antiterrorista francesa não abriram aliás qualquer inquérito, que foi entregue à Polícia Judiciária, como geralmente acontece com os crimes de delito comum.

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