Governo estima que 60% dos emigrantes venham a Portugal nas férias
Os líderes das comunidades portuguesas no estrangeiro estimam que 60% dos emigrantes virão de férias a Portugal, afirmou ontem a secretária de Estado das Comunidades Portuguesas.
Em Ourém, onde apresentou o Programa Nacional de Apoio ao Investimento da Diáspora, Berta Nunes salientou que não há números concretos, mas disse que « as perceções dos líderes das comunidades é que virão 60% dos emigrantes ».
Contudo, sublinhou, não há certezas, porque « na fronteira terrestre não há controlo » e só no fim de agosto, através das informações das autarquias « será possível saber se vieram como habitual ou muito menos ».
O Governo está a tentar, revelou, através das operadoras de telecomunicações, somar dados de « quantos portugueses com telemóvel português atravessaram a fronteira », de modo a melhorar a monitorização das entradas.
Esse controlo, que atualmente não existe, vai permitir ter informação mais rigorosa do peso dos emigrantes nos fluxos turísticos:
« Temos a noção de que grande parte dos nossos turistas são emigrantes ou lusodescendentes. Essa é uma forma de ajudar o país que não tem grande visibilidade, porque não temos esses números. Esta é mais uma razão para os queremos ter », disse Berta Nunes, referindo-se às entradas de emigrantes.
A secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, que estará sábado, ao final da manhã, na fronteira de Vilar Formoso para « ter mais perceção de como está a vinda dos emigrantes », mostrou-se ainda preocupada com os efeitos económicos nas comunidades de origem.
« Toda esta crise sanitária está a levar-nos a uma crise económica que tem várias componentes e esta é mais uma », porque a quebra no número de regressos nas férias « traduz-se também numa menor dinamização da economia local e também em mais problemas ».
Segundo Berta Nunes, o Governo espera que « venham todos aqueles que puderem », embora seja certo que « alguns não virão porque estão desempregados, perderam rendimentos ou têm problemas no trabalho ».
Alguns empregadores, concretamente na Suíça e Alemanha, têm feito pressão sobre os trabalhadores portugueses:
« Os líderes das comunidades com quem temos conversado, disseram-nos que alguns patrões que dizem: ‘Se fores a Portugal e se tiveres de fazer quarentena, não te pago a quarentena e podes ter problemas no trabalho' ». Isso retrai as pessoas, sobretudo quando os empregos são um pouco precários ».
Contudo, a secretária de Estado lembra que em países em que as comunidades de portugueses são numerosas, como Alemanha, Suíça, França, Espanha ou Luxemburgo, « não há nenhuma restrição a vir para Portugal nem a ir ».
« Nessas grandes comunidades, com exceção com o Reino Unido com quem temos um problema particular, todos os nossos emigrantes podem ir e vir. A expectativa é que não haja nenhum problema nem à vinda nem à volta », sublinhou.