Portugueses na Venezuela estão alarmados quanto ao futuro

daniel rocha 28 de julho de 2014 jose cesario secretario estado comunidades

Portugueses na Venezuela estão alarmados quanto ao futuro – deputado José Cesário

Portugueses na Venezuela estão alarmados quanto ao futuro

Os portugueses na Venezuela estão muito preocupados e alarmados quanto ao futuro do país, uma situação que deve ser acompanhada de maneira muito especial pelos políticos e pelas autoridades em Portugal, disse hoje o deputado do PSD José Cesário.

« Transmitiram-me uma grande preocupação relativamente ao futuro de cada um. As pessoas estão alarmadas. Evidentemente que há razões políticas […], mas estão sobretudo alarmadas sob o ponto de vista social, da escassez de recursos e de meios, da falta de respostas no plano médico. Quem está doente tem um problema tremendo, os hospitais não respondem », disse.

José Cesário, que já foi secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, falava à agência Lusa ao finalizar uma visita de três dias à Venezuela, onde contactou com portugueses nas cidades de Caracas, Maracay, Valência e Barquisimeto.

« É preciso trabalharmos muito junto desta comunidade. Às vezes temos a sensação, em Portugal, de que a Venezuela desapareceu dos noticiários, das notícias em geral […]. A verdade é que a situação é muito complexa e muito alarmante, talvez mais do que era, mesmo quando aqui há um ano havia manifestações e agitação nas ruas », disse.

Para o deputado do PSD pelo círculo de emigração de fora de Europa, « a situação é muitíssimo complicada”, pelo que é “muito importante” que os órgãos de comunicação social e os responsáveis políticos, como o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, “estejam conscientes de que esta comunidade precisa de um acompanhamento muito especial”.

« Temos consciência de que nada disto é novo, mas há efetivamente um conjunto de elementos novos, que têm de ser tidos em consideração: além das pessoas que já eram muito pobres, hoje começa a aparecer um novo conjunto de novos pobres ».

Estes pobres, disse, resultam de uma classe média que tem vindo a ser depauperada e enfrenta muitos problemas, sem conseguir responder ao “aumento brutal do custo de vida », num momento em que a economia local “começa a ser dolarizada ».

« Ou seja, a compra de produtos essenciais começa a só conseguir ser feita com moeda forte, dólares, euros, outras moedas. Isso cria novos problemas no presente, e sobretudo no médio prazo, que obrigaram a encontrar respostas que permitam que muita gente que tinha uma situação estável venha a ser ajudada de forma a superar esta situação delicada », disse.

José Cesário sublinhou ainda a forte inflação na moeda própria e o aumento de preços entre os que estão definidos já em dólares ou euros

O deputado disse ter sido confrontado com situações complicadas de professores e funcionários lusodescendentes, além de comerciantes (a atividade predominante na comunidade), que estão a ganhar « quantias ridículas e não conseguem ter acesso a bens essenciais ».

« Eram pessoas que até há relativamente pouco tempo tinham situações diferentes. Isto põe em casa, por exemplo – é bom dizê-lo -, mesmo programas de ensino da Língua Portuguesa que têm sido, e bem, divulgados, afirmados, alargados […], porque há muitos professores a partir para outros países, muita gente que não suporta esta situação », explicou.

No seu entender, « Portugal e outros países europeus têm de olhar para isto de uma forma global e encontrar estas respostas que neste momento só existem muito parcialmente ».

Esse olhar, alertou, tem de ser estendido a outras áreas, como África do Sul, Angola e Argentina, onde “situações explosivas” estão também a agravar-se.

O social-democrata recordou que há programas sociais de apoio a idosos e emigrantes, mas sublinhou que têm de implicar menos burocracia, para que as respostas sejam mais rápidas.

A crise na Venezuela intensificou-se desde janeiro último, quando o presidente do parlamento, o opositor Juan Guaidó, jurou publicamente assumir as funções de Presidente interino do país, até afastar Nicolás Maduro do poder, convocar um governo de transição e eleições livres e democráticas no país.

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