Após as eleições regionais e departamentais em França, a comunidade portuguesa está representada com cerca de 20 eleitos nos conselhos departamentais e mais de 10 nos conselhos regionais, uma subida em relação a 2015, segundo fonte oficial.
Os franceses foram às urnas nos últimos dois domingos para elegerem os seus representantes para os conselhos departamentais e regionais e há eleitos de origem portuguesa aos dois níveis.
« Houve mais eleitos a nível regional e distrital. Ainda estão a ser apurados alguns resultados, mas verificamos que há mais eleitos do que em 2015. Houve muito mais candidatos. Desde as últimas eleições autárquicas, onde houve 7.500 eleitos de origem portuguesa, isso fez com que houvesse mais candidatos nestas eleições », referiu Paulo Marques, presidente da associação CIVICA, que agrupa os eleitos de origem portuguesa em França, em declarações à agência Lusa.
Um dos eleitos na noite de domingo foi Geoffrey Carvalhinho, que integrou as listas regionais de Valérie Pécresse pela direita, e foi eleito para o Conselho Regional de Île-de-France.
Segundo este eleito local, a comunidade portuguesa tem algo a adicionar na gestão das regiões e departamentos em França.
« Há muitos franceses de origem portuguesa como eu que têm valores e que sabem que as suas origens contam. Há pessoas com diferentes origens em França e a nossa comunidade ama este país, trabalha e adiciona muito à sociedade francesa. Temos de nos implicar na vida política », referiu Geoffrey Carvalhinho.
Em entrevista à agência Lusa antes das eleições, Valérie Pécresse descreveu Carvalhinho como « um pilar » da sua candidatura e o lusodescendente de 31 anos mostra que a admiração é mútua.
« Conheci-a em 2007, quando ela ainda nem era ministra e ela acolheu-me e eu apoiei-a até ao fim. Ela tem ideias precisas para desenvolver a meritocracia, melhorar o quotidiano das pessoas e dar soluções a quem está em dificuldades », disse Geoffrey Carvalhinho, adiantando que Pécresse vai abrir « um capítulo nacional », tendo em vista uma reflexão para as eleições presidenciais, em abril de 2022.
No conselho regional de Île-de-France há pelo menos mais duas eleitas de origem portuguesa, mas também na região de Auvergne-Rhône-Alpes ou na região Grand Est.
Já nos conselhos departamentais, há eleitos em cidades como Tours, Clermont-Ferrand ou Compiègne, assim como diversos eleitos nos departamentos de Île-de-France, a região em França onde há mais portugueses.
O Lusojornal, principal jornal dedicado às comunidades portuguesas em França, contabilizou 160 candidatos de origem portuguesa às eleições departamentais, em diferentes forças políticas e por todo o território francês.
Sobre a expetativa para as legislativas, que se realizam depois das presidenciais, Paulo Marques referiu que neste caso há menos visibilidade da comunidade.
« Nas eleições legislativas há muito menos candidatos e são eleições uninominais, e é óbvio que há menos visibilidade [da comunidade], mas mais intervenção. Nós temos quatro deputados de origem portuguesa e se conseguirmos manter os mesmos deputados, já é bom. Esperando que possa haver mais », explicou.
A maioria dos candidatos nas eleições regionais candidatou-se por listas de esquerda, outros por listas de direita e centro e um quarto destes políticos com origem portuguesa candidatou-se pela extrema-direita, no partido União Nacional, de Marine Le Pen, uma realidade que preocupa Geoffrey Carvalhinho.
« É um paradoxo. Portugal teve uma ditadura até ao 25 de abril e quando vejo portugueses que se juntam à extrema-direita, tenho vontade de lhes dizer que estão enganados. Isso é contra a nossa história comum e a União Nacional não tem boas soluções para os nossos problemas », concluiu o eleito lusodescendente.
Com Agência Lusa.