O principal suspeito da morte da jovem lusodescendente Maëlys de Araújo admitiu ter filmado agressões sexuais contra a afilhada e a prima, de quatro e seis anos de idade, respetivamente, antes de, alegadamente, matar a mais nova.
A confissão de Nordahl Lelandais surgiu durante uma audição, num tribunal em Grenoble, quando o suspeito afirmou que, por estar sob o efeito de álcool e drogas « não distinguia entre uma mulher e uma criança », noticiou hoje a agência AFP.
Os vídeos das agressões, filmados pelo Lelandais e posteriormente apagados, foram recuperados do telemóvel do suspeito.
As gravações terão sido feitas durante o verão de 2017, pouco tempo antes do desaparecimento de Maëlys de Araújo, de oito anos, no final de agosto.
O acusado admitiu ainda, de acordo com a AFP, que cita uma fonte do tribunal, que se sentia « atraído » por crianças, mas que esta teria sido a sua primeira agressão contra menores.
O antigo treinador de cães do exército, de 35 anos, está detido na prisão de Saint-Quentin-Fallavier desde 10 de julho, depois de ter passado cinco meses numa unidade psiquiátrica, após a confissão do assassínio, em fevereiro.
Maëlys de Araújo desapareceu numa festa de casamento, em Pont-de-Beauvoisin, na noite de 27 de agosto de 2017 e, em 31 de agosto, Nordahl Lelandais foi detido para interrogatório.
Em 03 de setembro, o francês foi formalmente acusado de sequestro, na sequência da descoberta de vestígios de ADN da menina no seu carro e, em novembro, foi acusado de homicídio.
Em 14 de fevereiro deste ano, após a descoberta de um rasto de sangue da criança no seu carro, Lelandais confessou que a matou « involuntariamente » e levou a polícia até ao local montanhoso onde enterrou os seus restos mortais.
No mês seguinte, em 19 de março, na audição pelos juízes de instrução do tribunal de Grenoble, Nordahl Lelandais indicou que a menina entrou no seu carro para ir ver os seus cães e atribuiu a sua morte a uma bofetada que lhe deu quando ela entrou em pânico dentro da viatura.
Apesar de quase todos os restos mortais da criança terem sido encontrados em fevereiro, as causas exatas da morte ainda estão por determinar.
Entretanto, em 29 de março, Nordahl Lelandais admitiu ter matado um militar, dado como desaparecido desde abril de 2017 e conduziu os investigadores ao local onde foram descobertos os ossos do cabo Arthur Noyer, de 23 anos.
Em julho, Nordahl Lelandais começou a ser investigado também por agressão sexual a uma prima de seis anos, que teria acontecido apenas uma semana antes da festa de casamento em que Maëlys desapareceu.
Segundo a advogada dos pais de Maëlys de Araújo, estes temem que mais corpos sejam descobertos, uma vez que as confissões do suspeito apenas têm sido motivadas pela apresentação de provas.
Alfa/Lusa.