Tóquio2020: Jogos Olímpicos vão ser estranhos, até em ambiente hostil – COP

Os Jogos Olímpicos Tóquio2020 vão ser “estranhos, difíceis, muito diferentes” do habitual, segundo José Manuel Constantino, admitindo um ambiente de “rejeição” por parte do país anfitrião.

Após o inédito adiamento em 2020, a pandemia de covid-19 vai condicionar as competições previstas entre sexta-feira e 08 de agosto, mas também a convivência habitual entre culturas em Jogos Olímpicos.

“[Vão ser] uns Jogos estranhos, difíceis, muito diferentes do que estamos habituados, porque os constrangimentos, limitações, dificuldades estabelecidas criam-nos a expectativa de que as coisas vão correr, mas num quadro completamente diferente”, advertiu o presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP).

Normalmente, os Jogos Olímpicos “são uma grande festa, de convívio, confraternização, partilha”, mas as precauções sanitárias vão transformar a experiência em “uma coisa completamente diferente”.

“Com as limitações aos contactos e mobilidade, as regras existentes sobre o controlo do estado de saúde, os testes que têm de fazer, o acompanhamento por uma aplicação informática que sinaliza onde estão e onde vão, diria que é um inferno”, admitiu.

Apesar das dificuldades anunciadas, e da oposição por parte da maioria da população japonesa, Constantino disse esperar que as exigências sejam amenizadas.

“Mas vamos para o Japão, e vamos, sobretudo, para um país e contexto que não nos quer lá. Todos os indicadores de opinião sugerem que uma parte significativa dos japoneses é contra os Jogos. Vamos para a casa de alguém que acha que não devíamos ir para lá. Não será um ambiente propriamente de reconhecimento, aceitação, alegria, mas porventura de rejeição. Espero que não seja muito efetivo, mas têm decorrido manifestações em Tóquio contra a realização dos Jogos e pedindo o adiamento ou cancelamento”, lamentou.

Constantino satisfeito com missão lusa, capaz de discutir medalhas:

O presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP) assumiu a satisfação com o valor desportivo e a dimensão da missão lusa, reconhecendo capacidade para a disputa de medalhas.

Em entrevista à agência Lusa, José Manuel Constantino admitiu que esperava o apuramento de atletas em karaté, tiro e futebol, ficando, por isso, aquém do objetivo de 19 modalidades em prova.

“Estou satisfeito em relação aos objetivos atingidos, de número de atletas, percentagem de género, tínhamos estabelecido como limite os 60% de homens. Com algumas boas surpresas que o apuramento suscitou, como a questão do andebol, as duas mulheres no surf, o jovem das águas abertas [Tiago Campos], mas não estou satisfeito relativamente ao número de modalidades previstas”, afirmou.

O presidente do COP considera que o valor da missão “está em linha” com a apresentada no Rio2016, onde Portugal conquistou uma medalha de bronze, pela judoca Telma Monteiro, e 10 diplomas (classificações entre o quarto e oitavo lugares), confirmando que as expectativas de resultados estão “em consonância com essa avaliação”.

“Na história recente, em Pequim2008, tivemos um conjunto de atletas nas primeiras posições do ‘ranking’ e laureados com títulos mundiais, o que, depois, não foi convertível em pódios, resultados alcançados. Portanto, temos de ser muito prudentes nessa avaliação. O que digo é que temos valor desportivo suficiente para um conjunto de atletas com capacidade de discutir posições de pódio. Oxalá se traduza em posições de pódio, mas é preciso prudência e reserva”, sublinhou.

Constantino recordou com que a elite portuguesa “é muito reduzida, muito pequena”, para justificar este cuidado, apesar da presença de um campeão do mundo e quatro ‘vices’ na missão.

“Basta as coisas não correrem bem em duas ou três situações para não conseguirmos atingir os nossos objetivos. É diferente das delegações com centenas de atletas. Metade pode falhar, basta que 10% estejam com as estrelas alinhadas, têm sucesso e a avaliação é sobre essa parte que teve sucesso, ignorando-se a outra. Com Portugal, a situação é muito severa porque temos uma elite muito reduzida e basta que algumas coisas não corram bem para não conseguirmos os objetivos”, advertiu.

É com este misto de confiança e prudência que o responsável olímpico reafirmou os objetivos apresentados e estabelecidos no contrato-programa, da obtenção de duas medalhas, 12 diplomas e 26 classificações iguais ou acima do 16º lugar.

“A avaliação que fazemos relativamente aos atletas da missão não nos leva a alterar essa possibilidade. Mantemo-nos fiéis a esses objetivos”, vincou, sem excluir alguma surpresa: “Sim. Tivemos o Sérgio Paulinho em Atenas2004 [prata na prova de fundo de ciclismo de estrada]. Podem sempre acontecer posições de pódio em atletas com valor para estar nos Jogos, mas a quem não se cria expectativa de alcançar pódios”.

Portugal vai estar representado por 92 atletas, em 17 modalidades, nos Jogos Olímpicos Tóquio2020, que vão ser disputados entre 23 de julho e 08 de agosto, depois do adiamento por um ano devido à pandemia de covid-19.

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Com Agência Lusa.

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