Alfa/ com Lusa
O Papa Francisco alertou ontem que uso de armas nucleares « constitui agora abertamente uma ameaça » e apelou ao « desanuviar dos conflitos com a arma do diálogo », num encontro internacional organizado pela Comunidade de Santo Egídio.
« Somos testemunhas do que era temido e nunca quisemos que fosse ouvido: que o uso de armas atómicas, que desde Hiroshima e Nagasaki continuaram a ser produzidas e testadas, constitui agora abertamente uma ameaça », disse o sumo pontífice no Encontro de Oração pela Paz, no Coliseu de Roma, na presença de vários líderes religiosos.
Do mesmo modo, recordou a « grave crise internacional » que o mundo viveu com a crise dos mísseis cubanos em outubro de 1962, « quando um confronto militar e uma deflagração nuclear pareciam iminentes ».
Citando o apelo feito na altura pelo papa João XXIII, Francisco apelou « a todos os governos que não façam ouvidos de mercador ao grito da humanidade », mas sim « tudo o que estiver ao seu alcance para salvar a paz ».
Francisco, que se deslocou em cadeira de rodas, encorajou ainda os presentes a não se deixar contagiar « pela lógica perversa da guerra » e « cair » na armadilha do ódio ao inimigo », apelando ao « desanuviar dos conflitos com a arma do diálogo ».
Segundo o Papa, a paz tem sido « sufocada » em tantas regiões do mundo, « humilhada por demasiada violência » e « negada mesmo às crianças e aos idosos, que não são poupados pela terrível dureza da guerra ».
Francisco lamentou a paz seja muitas vezes silenciada « não só pela retórica da guerra mas também pela indiferença » e « pelo ódio que cresce à medida que os combates prosseguem ».
O Encontro de Oração pela Paz encerrou o Encontro Internacional sobre o tema « O Grito da Paz, Religiões e Culturas em Diálogo » organizado pela Comunidade de Santo Egídio, e que juntou representantes das várias religiões mundiais.
O encontro internacional contou com a presença de representantes das igrejas Metodista Ortodoxa, Apostólica Arménia na Europa Ocidental, entre outros.
Grace Enjei, uma refugiada dos Camarões que chegou a Itália em meados de dezembro vinda de Chipre graças ao Papa juntamente com 11 outras pessoas, leu uma das orações.
O presidente da Comunidade de Santo Egídio, Marco Impagliazzo, advertiu que embora « a Guerra Fria já não exista » e « a ideia do choque de civilizações tenha sido contida », hoje o mundo está « à beira de uma catástrofe muito mais grave ».