Venezuela: Espanha e Portugal contra intervenção militar

Espanha e Portugal contra intervenção militar na Venezuela colocada em cima da mesa por Guaidó e EUA.

Apoiantes do governo de Nicolas Maduro na manifestação de sábado

Foto: RAÚL MARTÍNEZ. Alfa/Expresso/Lusa

Ministro dos Assuntos Exteriores de Espanha avisa que será condenada “firmemente qualquer intervenção militar estrangeira”, enquanto o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, afirma que “todas as opções estão em cima da mesa”. Augusto Santos Silva também descarta intervenção externa

Josep Borrel, ministro dos Assuntos Exteriores de Espanha, avisou hoje no Egito, no âmbito da cimeira União Europeia-Liga Árabe, que o seu país não apoiará uma intervenção militar estrangeira na Venezuela e assegurou que nem todas as soluções sobre a mesa ajudam a encontrar uma saída para esta crise.

Trata-se de uma posição relevante, dada a importância de Espanha no contexto das relações com os diferentes países da América Latina, mas que choca com as afirmações de Mike Pompeo, secretário de Estado norte-americano, para quem, pelo contrário, “todas as opções estão em cima da mesa”. As declarações de Pompeo revelam total sintonia com o autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, que no sábado se dirigiu aos líderes internacionais para pedir um reforça da ajuda e admitiu o recurso a uma intervenção militar internacional.

O Minsitro dos negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, também veio entretanto esclarecer a posição protuguesa.Santos Silva defendeu hoje que a solução política para a Venezuela passa pela pressão política e diplomática internacional e não por confrontação interna, nem por uma intervenção militar externa.

“Para nós, a solução política de que a Venezuela carece não se obtém através de uma intervenção [militar] externa. Essa intervenção só agravaria ainda mais o problema. Há países que têm dito que todas as soluções estão em cima da mesa. Não é essa a posição da União Europeia. Nós achamos que a solução por via de uma confrontação interna não é solução, e a solução por via de uma intervenção externa também não é solução”, vincou Augusto Santos Silva, em declarações à agência Lusa.

O ministro espanhol, por sua vez, foi muito assertivo ao frisar que “nem todas as soluções estão sobre a mesa. Temos dito claramente que não apoiaremos e condenaremos firmemente qualquer intervenção militar estrangeira, que esperamos que não venha a acontecer”.

Citado pela agência Efe, o ministro precisou que a solução para a Venezuela tem de resultar de uma solução democrática, que envolva o povo venezuelano, e da realização de eleições presidenciais.

Acrescentou que é neste sentido que « Espanha tem procurado encontrar uma posição comum » junto dos parceiros europeus.

Numa entrevista à emisora « France 24 », emitida a 11 de fevereiro, o ministro das Relações Exteriores de Espanha já se tinha pronunciado contra uma intervenção militar dos Estados Unidos da América na Venezuela, acentuando que esta não é a solução para a crise política que o país enfrenta.

Pompeo justifica as suas afirmações com a necessidade de « garantir que a democracia prevalece » na Venezuela e avisou que Washington “vai tomar medidas” após os distúrbios registados sábado.

“Todas as opções estão sobre a mesa. Vamos fazer o que for necessário para garantir que a democracia prevalece e que há um futuro melhor para o povo venezuelano”, referiu o secretário de Estado durante uma entrevista à cadeia de televisão Fox, em que foi questionado sobre a possibilidade de haver uma intervenção militar.

“Os dias de Maduro estão contados”, precisou Mike Pompeo citado pela agência Efe. O responsável da Administração Trump considerou o dia de sábado um “dia trágico”, tendo em conta os atos violentos que rodearam a entrada dos primeiros camiões com ajuda humanitária e que acabaram por resultar na morte de pelo menos quatro pessoas e em quase 300 feridos.

Neste contexto, Pompeo afirmou que Washington “vai tomar medidas”.

“Há mais sanções que podem ser aplicadas e mais assistência humanitária para oferecer”, precisou ainda o responsável pela diplomacia dos EUA, numa outra entrevista à CNN, mas sem avançar mais detalhes.

Mike Pompeo assinalou que o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, participa na segunda-feira numa reunião do Grupo de Lima, que vai decorrer em Bogotá (Colômbia), onde os EUA vão reafirmar o seu apoio a Juan Guaidó como o Presidente legítimo da Venezuela.

Através da plataforma Twitter, o secretário Estado escrever que “os Estados Unidos tomarão medidas contra aqueles que se opõem à restauração pacífica da democracia na Venezuela”, mas acrescentou que, “por agora, o tempo é de agir para apoiar as necessidades do desesperado povo venezuelano”.

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