Desacatos e chamas regressaram a Paris. Violência está de volta no Dia Nacional francês
“Coletes amarelos” vaiaram Macron durante a Parada militar oficial. Findas as cerimónias, Macron, Merkel, Marcelo e outros convidados foram almoçar ao Eliseu. Nos minutos seguintes, a violência regressou à avenida dos Campos Elísios, onde a revolta começou há oito meses. 152 pessoas foram detidas, entre elas, o lusodescendente Jérôme Rodrigues, que fica em prisão preventiva.
A avenida dos Campos Elísios era desde esta manhã uma das artérias urbanas mais vigiadas do mundo.
O desfile militar oficial do dia Nacional de França foi imponente, a demonstração da força de fogo e de guerra da França foi impressionante e até incluiu a exibição de robôs e de um homem-voador.
O Presidente Emmanuel Macron foi vaiado por várias centenas de “coletes amarelos”, mas pensava-se que a contestação tinha ficado por aí e pela detenção de 152 manifestantes, entre eles, alguns líderes revoltosos, como Jérôme Rodrigues, Éric Drouet e Maxime Nicole.
No entanto, apesar da solenidade do momento, dos numerosos convidados estrangeiros de renome, das forças armadas, e dos batalhões de forças de segurança e de polícias de choque, a violência regressou à célebre avenida, onde foram erigidas barricadas, lançadas pedras e gases lacrimogéneos e destruídas, de novo, algumas montras de lojas de luxo.
Até o Fouquet’s, o famoso restaurante dos Campos Elísios que pretendia reabrir as portas este domingo, depois de meses de obras de restauro no seguimento de um ataque e de um incêndio, dos “coletes”, se manteve fechado. Às 17 horas locais (menos uma hora em Lisboa) o “Fouquet’s não tinha reaberto – À porta havia manifestantes e polícias, frente a frente.
Paris voltou a viver cenas de guerrilha com incêndios e barricadas nas ruas na sua zona mais nobre, na sua sala de visitas, na “mais bela avenida do mundo”, como dizem os franceses.
Os números de manifestantes presos eram, a meio da tarde, muito provisórios porque os incidentes e confrontos continuavam. Quanto a alguns dos detidos, o Expresso soube que o lusodescendente Jérôme Rodrigues ficará em prisão preventiva, bem como outro dos líderes do movimento, Maxime Nicole, cujo advogado é Juan Branco, filho de pai português e mãe espanhola.
Ambos são acusados de “organização de manifestação proibida”, informou o filho do produtor de cinema, Paulo Branco, ao Expresso.
Juan Branco, formado nas escolas das elites francesas, apoia os “coletes amarelos” e disse há dias numa entrevista à revista E, do Expresso: “Os coletes amarelos levaram a cabo uma batalha organizada. Verificou-se uma inteligência coletiva, e agora estamos numa espécie de trégua, porque não houve vitória nem de um lado nem do outro”.