Conselho Europeu reúne-se em Bruxelas com atenções na presença de Zelensky. Este viaja de Paris com Emmanuel Macron
Depois de viagens surpresa a Washington D.C., nos Estados Unidos, no final de dezembro, e a Paris e Londres na quarta-feira, Volodymyr Zelensky vai participar hoje no Conselho Europeu, segundo várias fontes europeias.
Volodymyr Zelensky viaja de Paris com Emmanuel Macron. Esta informação foi comunicada pelo próprio Palácio do Eliseu com esta nota: « Le Président de la République et M. Volodymyr ZELENSKY, Président de la République d’Ukraine, se rendront ensemble au Conseil européen à Bruxelles, le jeudi 9 février 2023″.
O ‘roteiro’ da visita de Zelensky não está totalmente definido, por questões de segurança, mas é expectável uma intervenção de Zelensky ainda esta manhã. Entre as 12h00 e as 14h00 estão previstas reuniões bilaterais em grupo, uma vez que a estadia do Presidente ucraniano é curta. Por definir está ainda uma intervenção no Parlamento Europeu antes do início dos trabalhos no Conselho.
A participação de Zelensky também provocou a antecipação do início da cimeira para as 10h00 locais, mas os trabalhos, em princípio, acabam hoje, em vez de se prolongarem até sexta-feira, como estava originalmente previsto.
Na missiva que o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, enviou aos líderes dos 27, estão delineados os três tópicos a abordar durante a cimeira: « a guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia, a nossa economia e competitividade, e a nossa política de migração. »
« No follow-up da cimeira entre a UE e a Ucrânia », na última semana, em Kiev, prosseguiu Charles Michel, os Estados-membros têm na agenda uma discussão sobre « o apoio inabalável » ao país que está há praticamente um ano a lutar contra a invasão russa.
Aquela que ia ser a segunda deslocação de Zelensky fora do país desde 24 de fevereiro acabou por ser a quarta, uma vez que na quarta-feira o Presidente ucraniano viajou até Londres (Reino Unido) para uma reunião como primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, e no mesmo dia deslocou-se até Paris (França) para um encontro com o Presidente, Emmanuel Macron, e o chanceler alemão, Olaf Scholz.
A discussão de hoje sobre migrações terá como principal ângulo a forma de travar o aumento das chegadas à UE através de várias rotas migratórias e uma crescente pressão sobre os sistemas de asilo e acolhimento, tendo também em conta a taxa muito baixa de regressos de migrantes irregulares.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen adiantou que a Comissão vai propor na cimeira aos Estados-membros « duas vertentes de trabalho separadas »: uma é processo legislativo, sendo o objetivo acelerar as negociações em torno do novo Pacto Migratório, que Bruxelas espera ver finalmente concluído e implementado dentro de um ano, e a outra passa por « ações operacionais que podem ser tomadas já ».
Relativamente à economia, os 27 debaterão sobretudo aquela que deve ser a resposta da UE aos planos de subvenções de grandes potências como Estados Unidos e China, para melhorar a competitividade do bloco comunitário, mas preservando o equilíbrio do mercado único, sendo que nesta altura são ainda muitas as divergências no seio da União e não são esperadas decisões neste Conselho Europeu.
No início do mês, Von der Leyen apresentou o « plano industrial do pacto ecológico europeu », a nova estratégia industrial proposta por Bruxelas para melhorar a competitividade da UE no palco global e apoiar a transição para a neutralidade climática.
Entendida por muitos como a resposta da UE ao plano de subvenções dos Estados Unidos – a lei de combate à inflação (IRA) -, este plano de Von der Leyen colheu, no entanto, poucas reações entusiásticas entre os 27, com muitos países, entre os quais Portugal, a entenderem que se baseia demasiado numa flexibilização das ajudas de Estado, que só ajudará grandes economias com capacidade financeira para as prestar, como a alemã, sem contemplar novas fontes de financiamento.