Aristides, o Justo, tem Honras de Panteão Nacional e é notícia em Portugal. Mas casa-museu está atrasada

(Foto de abertura: Lusa)

 

Alfa

« Aristides: “A história foi ontem, mas resgatá-la está a ser difícil », em Cabanas de Viriato, escreve hoje o jornal Público em título de primeira página.

Com efeito, acrescenta, o mesmo jornal « a futura casa-museu de Aristides de Sousa Mendes tarda em tornar-se realidade ».

« E juntar o espólio que a poderá rechear apresenta-se como uma tarefa ainda mais difícil » escreve o Público.

Em Cabanas de Viriato, (concelho de Carregal do Sal, distrito de Viseu) onde o cônsul de Bordéus nasceu e teve casa, a chamada Casa do Passal, que esteve abandonada e em ruína vários anos, continua-se à espera de ter o espaço que sonhou para o lembrar e homenagear.

O antigo cônsul português Aristides de Sousa Mendes, que salvou milhares de judeus do regime nazi, recebe esta terça-feira honras de Panteão Nacional, em Lisboa, através de um túmulo sem corpo.

A Rádio Alfa já evocou este acontecimento num recente programa Passagem de Nível, nestes termos: 

Aristides de Sousa Mendes vai receber honras nacionais de Panteão Nacional no dia 19 de Outubro. E nos dias 17, 18 e 19 de Outubro em Bordéus, Cenon, Bayonne e Hendaye o antigo Cônsul de Portugal em Bordéus será igualmente homenageado. Entretanto, a cidade de Paris vai ter um espaço com o nome do Justo que salvou em Junho 1940, contra a vontade do ditador Salazar, dezenas de milhar de pessoas que fugiam às garras dos nazis.
Convidados:
Manuel Vaz, Comité Sousa Mendes (Bordéus)
Hermano Sanches Ruivo, Maire-Adjoint na Câmara de Paris »

Esta cerimónia de hoje em Portugal acontece 67 anos após a morte do antigo cônsul de Portugal em Bordéus, que como se referiu salvou milhares de judeus e outros refugiados do regime nazi, durante a Segunda Guerra Mundial, emitindo vistos contra as ordens do Governo de António de Oliveira Salazar, o que lhe valeu a expulsão da carreira diplomática, e acabaria por morrer na miséria.

Nascido em 19 de julho de 1885, Aristides de Sousa Mendes morreu em abril de 1954, no Hospital Franciscano para os Pobres, em Lisboa.

A HOMENAGEM CONTARÁ COM PRESENÇA DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Marcelo Rebelo de Sousa, PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA, Eduardo Ferro Rodrigues, E O PRIMEIRO-MINISTRO, António Costa.

Será tudo muito oficial, com discursos ofociais e elogios ao antigo diplomata.

Segundo o programa divulgado em comunicado, após as intervenções, está previsto um cortejo na nave central do Panteão Nacional constituído por assistentes parlamentares, o chefe do protocolo do Estado e secretário-geral da Assembleia da República, o Presidente da República, o primeiro-ministro, o presidente do parlamento, Silvério de Sousa Mendes (familiar de Aristides de Sousa Mendes), o coordenador e membros do grupo de trabalho parlamentar responsável por definir o processo de concessão de honras e o diretor do Panteão Nacional.

« Este cortejo irá dirigir-se à sala 2 do Panteão Nacional, onde se procederá ao descerramento da placa evocativa da homenagem a Aristides de Sousa Mendes, ao mesmo tempo que é interpretado o Prelúdio em Dó Maior, para harpa, de Johann Sebastian Bach, pelo Coro do Teatro Nacional de São Carlos ».

A cerimónia pretende homenagear o antigo cônsul português na forma de um túmulo sem corpo, não implicando assim a habitual trasladação para o Panteão Nacional.

O corpo continuará em Cabanas de Viriato no concelho de Carregal do Sal (distrito de Viseu), terra onde nasceu e viveu Aristides de Sousa Mendes, preservando a importância cultural e económica que a presença do corpo tem no turismo da região.

No Panteão Nacional estão sepultadas figuras como os escritores Aquilino Ribeiro, Guerra Junqueiro, Almeida Garrett e Sophia de Mello Breyner Andresen, a fadista Amália Rodrigues, o futebolista Eusébio, e o marechal Humberto Delgado, ex-candidato à Presidência da República.

No panteão estão também alguns dos antigos Presidentes da República, como Sidónio Pais, Manuel de Arriaga, Óscar Carmona e Teófilo Braga.

 

 

 

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