Legislativas. Nas últimas horas da campanha eleitoral: seguranças tiveram de afastar Costa de um homem que o acusava de estar de férias nos fogos. António Costa exaltou-se com um eleitor e tiveram de ser os seguranças a afastá-lo quando se dirigia, transtornado, contra esse cidadão. « Tive de reagir, há limites para tudo », explicou depois
António Costa teve de ser travado, na tarde desta sexta-feira, pelos seguranças que o acompanham na campanha eleitoral, quando se virou contra um homem que o acusava de estar de férias aquando da tragédia dos fogos de Pedrógão Grande em 2017 (onde morreram 67 pessoas).
A arruada que desceu do Chiado até à Praça do Comércio já estava a desmobilizar, sob as arcadas o edificio do Supremo Tribunal de Justiça, quando um homem idoso abriu caminho até ao líder do PS. Disse-lhe que era eleitor socialista de sempre, mas acrescentou que desta vez está « relutante » em votar PS, porque Costa estava em « merecidas férias » no momento mais crítico da tragédia dos fogos de 2017, em Pedrógão Grande.
« É mentira, é mentira », respondeu-lhe António Costa, num crescendo de exaltação, acabando quase aos gritos. « Não esteve presente », insistiu o cidadão. Mas Costa não o deixou prosseguir.
« Isso é mentira que o senhor está a dizer », insistiu Costa. O líder socialista fez tenções de virar as costas ao eleitor que o interpelava mas, subitamente, voltou a direcionar-se para ele com o rosto transtornado, como se o fosse agredir, repetindo: « O senhor é um mentiro! Um mentiroso! »
Foi nesse momento que os seguranças tiveram de intervir para o travar, ao mesmo tempo que Maria Begonha, líder da JS, tentava acalmar o líder socialista e Fernando Medina, ao lado de Costa, dizia « Calma, calma, vamos embora ». Em simultâneo, a restante comitiva cerrou alas em trono do líder e o cidadão que o abordava foi afastado do centro dos acontecimentos.
« UM PROVOCADOR QUE FOI AQUI PLANTADO », DIZ COSTA
« Era um provocador que foi aqui plantado », disse António Costa conforme se afastava do local, de rosto muito tenso, e acompanhado de perto pelos dois filhos e pela mulher, todos bastante abalados pelo incidente que se prolongou por poucos segundos. Muitas das pessoas que haviam acompanhado a arruada nem se deram conta do que se havia passado.
Esse momento acabou por marcar uma arruada com centenas de pessoas, desde o Largo do Chiado até à Praça do Comércio, que decorreu em clima de festa apesar de não ter bombos nem música, por causa da morte de Freitas do Amaral. Após a altercação, o rosto dos responsáveis da campanha socialista denotava preocupação sobre o impacto que este episódio de última hora possa ter no eleitorado.
« CAMPANHAS NEGRAS DO PSD E CDS », DIZ O LÍDER SOCIALISTA
Minutos depois, já na Estação de Santa Apolónia, onde apanhou um comboio para o Porto, António Costa explicou que a questão dos fogos é, para si, « muito sensível », e repetiu a acusação de que se tratou de um « provocador » a repetir um facto « absolutamennte falso ».
« É uma mentira que a direita repetidamente tem vindo a lançar », acusou, falando em « campanhas negras em que o PSD e o CDS se tornaram especialistas ». « É lamentável que a campanha tenha descido a este nível ».
Costa admitiu que « devia ter reagido mais calmamente », mas « também tenho os meus limites ». « Tive de reagir, há limites para tudo. »