A Cívica, Associação de Autarcas Portugueses em França, celebrou hoje no Senado francês 25 anos, numa cerimónia que realçou o papel dos lusodescendentes em França, segundo o seu presidente e autarca de Aulnay-sous-Bois, Paulo Marques.
Estes 25 anos de Cívica significam “uma intervenção pública, política e cidadã de portugueses a residirem em França, mas também de muitos franceses, já nacionais franceses, filhos ou netos de portugueses que quiseram ter um papel preponderante nos seus municípios, através das suas eleições, como presidentes de câmaras, como vice-presidentes, deputados municipais ou autarcas”, disse o presidente da Cívica à Lusa.
Neste momento, existem cerca de oito mil autarcas de origem portuguesa de todas as forças políticas eleitos em França, incluindo na Assembleia Nacional francesa.
O presidente da Cívica espera que este número aumente devido a “uma comunidade portuguesa interventiva”, com uma grande participação cívica.
Para Paulo Marques, “com a conjuntura atual geopolítica, onde há muitas dificuldades em perceber as diferenças de uns e de outros, e como se disse tão bem hoje no primeiro painel de manhã, nós abdicamos de diferenças. É um trunfo, cada origem, cada pertença é um trunfo para o dia de amanhã e para as nossas funções”.
Criada 05 em fevereiro de 2000, a Civica reúne autarcas, mas também deputados franco-portugueses, com o intuito de promover a comunidade portuguesa e criar uma rede de apoio entre franceses com origens portuguesas na França.
O presidente da Cívica destacou “a disponibilidade” e “a lealdade” dos luso-eleitos para continuar em funções por vários anos.
“É incrível como é que eles, com o trabalho, com a sua vida, o quotidiano, quando se solicita uma mobilização, eles vão estar presentes, e isso vem, penso eu, do movimento associativo dos anos 70, porque os nossos pais, os nossos avós, iniciaram algo que nos tocou”, referiu.
Numa sala do Palácio do Luxemburgo, no centro de Paris, portugueses, lusodescendentes e franceses passaram o dia entre vários painéis de debate com autoridades portuguesas e francesas, como o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, o vice-presidente da região Île-de-France, Patrick Karam, e Valérie Terranova, antiga conselheira do Presidente Jacques Chirac.
Durante a tarde, decorreu “um painel sobre a energia, sobre os impostos, sobre o ambiente”, mais relacionado com a “realidade como autarcas, de dia a dia, e que permite contribuir uns com os outros sobre ideias e formação”, como a problemática da língua portuguesa nas escolas em França, de acordo com Paulo Marques.
Questionado sobre os planos futuros para a Civica, o autarca afirmou o foco nas eleições municipais de 2026 nas mais de 36 mil autarquias francesas, em que espera ter “mais candidatos (de origem portuguesa) nas listas municipais”.
“Temos uma campanha firme, junto da comunidade polaca, romena e italiana, cujo objetivo é informar que os europeus podem votar nas próximas eleições (municipais) de 2026 e isso é fundamental para a nossa visibilidade”, acrescentou.
Durante o evento, o presidente da Cívica entregou prémios “para enaltecer uma atividade, uma operação, uma eleição” entre os eleitos que estiveram presentes desde o início, em 2005, na primeira reunião de mobilização que contou com o Presidente Jacques Chirac (1995-2007).
Numa mensagem de vídeo, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, deu os parabéns à associação, lamentando não poder estar presente e, afirmou que a Cívica “é uma referência”,
“Quando se pensa na Cívica, pensa-se no trabalho daqueles que neste quarto século criaram, fizeram crescer, ampliaram ano após ano a importância da Cívica, servindo a França e servindo Portugal”, disse Marcelo Rebelo de Sousa.
O Presidente português referiu a necessidade de “reforçar a presença autárquica dos lusodescendentes, mas sobretudo de renovar as gerações e motivar as novas gerações”, para “promover a cidadania ativa” e representar “os interesses da comunidade em França”.
Marcelo Rebelo de Sousa mencionou a visita do Presidente francês, Emmanuel Macron, a Portugal, em 27 e 28 de fevereiro, a primeira visita oficial de um Chefe do Estado francês em 26 anos, durante a qual falaram da Associação de Autarcas Portugueses em França, no número de luso-eleitos e « na importância decisiva da França em Portugal (nos setores da economia, da sociedade), mas sobretudo de Portugal em França ».