Luís Montenegro falava na abertura da Web Summit, considerada uma das maiores ‘cimeiras’ tecnológicas, que arrancou hoje em Lisboa, na qual, depois de umas breves palavras de saudação em inglês, falou em português.
“Estou a falar português para vos poder dizer aqui e agora, em primeira mão, que no primeiro trimestre de 2025 vamos lançar um LLM português – Large Language Model – para inovarmos em português, preservando o nosso idioma e utilizando a nossa cultura ao serviço da inovação”, anunciou.
Um LLM é um tipo de programa de inteligência artificial (IA) que pode reconhecer e gerar texto, entre outras tarefas.
O chefe do Governo considerou que esta ferramenta será “um passo crítico” que permitirá dar novas respostas em várias áreas.
“Respostas inclusivas: dando a cada aluno um tutor educativo de inteligência artificial adaptado aos nossos currículos para o ajudar a compreender o mundo. Dando a cada cidadão o acesso aos serviços da administração pública de forma mais simples, mais direta e personalizada para responder às suas necessidades”, disse.
Por outro lado, defendeu, tal permitirá “dar a cada empresa a oportunidade de projetar os seus serviços numa era de inteligência artificial também em português”.
“Vamos a isto! Let’s do this! Keep up the great work and enjoy Portugal! (Continuem o bom trabalho e aproveitem Portugal)”, apelou.
Depois das intervenções do CEO da Web Summit, Paddy Cosgrave, e do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, que falou em inglês, o chefe do Governo dirigiu umas breves palavras de saudação à audiência nessa língua, prosseguindo depois em português.
“Bem-vindos a Lisboa, capital da inovação europeia e hoje capital mundial de ‘startups’. Há quinhentos, os portugueses navegavam através do mundo, partindo da Lisboa. Hoje, queremos que aqueles que navegam para o mundo da inteligência artificial e digitalização descubram Portugal”, saudou em inglês, dizendo que no final perceberiam a razão de continuar a sua intervenção em português, referindo-se ao anúncio do futuro LLM.
O chefe do Governo enalteceu as vantagens da localização geográfica de Lisboa, onde se faz “a ponte entre Europa, América e África”.
“Aqui encontrarão um ambiente multicultural, aqui encontrarão séculos de história de respeito pela diversidade e sempre com foco no ecossistema da inovação”, disse, afirmando que a capital portuguesa está disponível para acolher “o talento que vem de todo o lado”.
Montenegro assegurou que o Governo está empenhado em “aproveitar este triângulo virtuoso entre a ciência, o capital, o capital humano e o capital financeiro e o empreendedorismo” através de políticas públicas como a descida dos impostos ou a “guerra à burocracia”.
“Queremos atrair e reter o talento, o talento mais jovem. Estamos a desenvolver políticas de estímulo à investigação científica e à inovação e a traduzir esse investimento em desenvolvimento económico e empresarial”, prosseguiu.
O primeiro-ministro destacou, entre os vários desafios, a transição climática e energética, a criação de oportunidades no ensino para todos ou, na saúde, a colocação da “tecnologia e inteligência artificial ao serviço dos cuidados médicos de qualidade”.
“Peço-vos, é um pedido que vos faço, que combatam com todas as armas a manipulação e a desinformação”, apelou.
A Web Summit, considerada uma das maiores ‘cimeiras’ tecnológicas, arranca hoje em Lisboa, com um recorde histórico de 3.000 ‘startups’, sendo esperados mais de 70.000 participantes e cerca de 1.000 investidores.
O evento, que termina na quinta-feira, volta a ter Paddy Cosgrave na liderança e entre os oradores confirmados estão Lidiane Jones, presidente executivo (CEO) do Bumble, o artista Pharrell Williams, Kuo Zhang, presidente da Alibaba.com.
Alfa/ com Lusa